«Pelo menos o fiasco do Vietname vai ficar esquecido... com este novo fiasco»
- Geopolítica, Lucro e Papoilas: Como a CIA transformou o Afeganistão num narco-Estado falhado. A guerra do Afeganistão tem-se assemelhado muito à guerra contra a droga na América Latina e às anteriores campanhas coloniais na Ásia, com uma rápida militarização da área e o empoderamento das flexíveis elites locais. Alan Macleod, Mintpress.
- A vitória dos Talibãs esmaga 20 anos de sacrifício espanhol com 104 mortos e mais de 3,5 mil milhões em despesas militares. Ángel Munárriz, InfoLibre.
- Constituídas e treinadas durante duas décadas por 83 mil milhões de dólares, as forças de segurança afegãs sucumbiram tão rápida e completamente - em alguns casos sem disparos - que os beneficiários finais do investimento norte-americano acabaram por ser os Talibãs. Eles conquistaram não só o poder político mas também o poder de fogo fornecido pelos EUA - armas, munições, helicópteros e muito mais. Robert Burns, AP.
Abril 2017: O exército norte-americano disse ter lançado
a bomba não nuclear mais destrutiva alguma vez utilizada em combate sobre um complexo
de túneis de um grupo islâmico no Afeganistão. A GBU-43/B - Massive Ordnance Air Blast Bomb (MOAB),
conhecida como "a mãe de todas as bombas" -, foi testada pela
primeira vez em 2003, mas não tinha sido utilizada antes. O Pentágono disse que
tinha sido largada de um avião dos EUA na província de Nangarhar.
- Gerações de repórteres viajaram para zonas de guerra para de lá darem o seu testemunho. Empanturraram-nos com pormenores, mas nunca tiveram tempo para fazerem o distanciamento suficiente para melhor compreenderem e refletirem sobre o significado da guerra, escreve Peter W. Klein. Isso foi sempre considerado terreno de académicos e especialistas. «Quando falo aos jovens jornalistas sobre a cobertura da guerra, comparo-a a assumirrem a missão de uma razia florestal. É possível obter imagens arrebatadoras de madeireiros a pingar suor, a brandir motosserras enormes. Detalhes sobre os animais que perdem as suas casas irão atrair os leitores. E o zumbido das lâminas e a batida das árvores que caem fazem um som convincente. Mas se nos perdermos na minúcia dos detalhes do processo de abate, podemos perder a floresta para as árvores. Erik Slavin, editor da Stars & Stripes, fez uma análise de conteúdo da cobertura da guerra afegã no New York Times e no Wall Street Journal durante o primeiro ano da invasão e em 2018, quando conduziu o estudo. As suas conclusões foram esclarecedoras. Usando a "teoria do enquadramento" estabelecida pelo cientista político Shanto Iyengar, classificou a cobertura como caindo em quadros "episódicos" ou "temáticos". Dito de forma simples, episódico centra-se em indivíduos e histórias, frequentemente respondendo a eventos noticiosos de última hora: árvores. Temático, pelo contrário, olha para eventos no contexto de grandes tendências: floresta.» Peter W. Klein, Journalism failed in Afghanistan too – CJR.
«Dando o melhor para controlar tudo»
- A Guerra do Afeganistão foi um fracasso? Não para as cinco principais fornecedoras de material bélico e seus accionistas Boeing, Raytheon, Lockheed Martin, Northrop Grumman e General Dynamics, escreve Jon Schwarz, na TheIntercept. «Se investiu 10.000 dólares em ações dos cinco maiores empreiteiros de defesa dos EUA em 18 de Setembro de 2001 - dia em que o Presidente George W. Bush assinou a Autorização de Utilização da Força Militar em resposta aos ataques terroristas de 11 de Setembro - e reinvestisse todos os dividendos, estes valeriam agora 97.295 dólares. Ou seja, as acções de defesa tiveram um desempenho global superior ao do mercado bolsista em 58% cento durante a Guerra do Afeganistão.
- As sanções dos EUA impediram duas empresas suíças de vender ventiladores a Cuba. Os engenheiros cubanos descobriram como fazer os seus próprios ventiladores a partir de desenhos disponibilizados gratuitamente pelo MIT e pela University College London.
- « (...) entre 1670 e 1807, quando a participação britânica no transporte de escravos foi proibida pelo Parlamento, os ingleses continuaram a dominar a indústria de transporte de escravos. (…) em 150 anos os britânicos transportaram tantos escravos para o Novo Mundo como todos os outros países de juntos. (…) os escravos eram acorrentados uns aos outros ou ao convés para evitar motins (…), empilhados em camadas, sem espaço para ficar de pé ou virar, a disenteria, suicídios, epidemias e assassinatos mataram tantos africanos pelo caminho que os tubarões perseguiam frequentemente os navios escravos na sua viagem para oeste. É costume dizer-se que o que as pessoas fazem revela o que elas são. E durante este longo período, que algumas pessoas argumentam não poder ser 'racista' porque 'raça' não existia como agora, a Grã-Bretanha estava a desumanizar as pessoas numa escala super-industrial». Sathnam Sanghera, Empireland – Penguin 2021
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