terça-feira, 15 de junho de 2021

Bico calado

  • O G7 não consegue disfarçar a sua ansiedade, quase pânico perante a sua quase irrelevância. É que, neste momento, o sul global representa a maioria do planeta e revê-se no G20, situação muito diferente daquela que o G7 gozava há muitos anos, quando representava dois terços da economia mundial.
  • José Fernando Moreira, vereador da Câmara de Gondomar, é acusado de peculato por usar carro da autarquia em atividades particulares. Eleito duas vezes pelo PS, em 2013 e 2017, o vereador do Ambiente, Feiras e Mercados usou a viatura em proveito próprio, tendo a autarquia sido faturada por portagens, estacionamento e combustível consumido durante ano e meio, pelo que deverá devolver 11215 euros aos cofres do município. Alexandra Panda, JN 14jun2021.
  • O ex-deputado e ex-secretário de Estado do PSD Agostinho Branquinho, o antigo presidente da Câmara de Valongo, Fernando Melo, dois dos seus então vereadores e três técnicos, além de Joaquim Teixeira, administrador do Hospital privado de S. Martinho, começaram a ser julgados, acusados de prevaricação, tráfico de influência e falsificação de documentos. Em causa está a obra do Hospital de S. Martinho, que passou de quatro pisos, inicialmente previstos no projeto, para sete, graças à atribuição, pela Autarquia, do estatuto de interesse público. A autorização de violação do PDM deveu-se à anunciada intenção de os pisos extra serem ocupados por um centro de noite para idosos carenciados do concelho, que nunca saiu do papel. O MP assegura que Branquinho recebeu 225 mil euros como contrapartida pela sua intervenção junto de Fernando Melo. Alexandre Panda, JN 14jun2021.
  • «O açúcar tinha arrasado o Nordeste. A faixa húmida do litoral bem regada pelas chuvas tinha um solo muito fértil, muito rico em húmus em sais minerais, coberto por bosques desde a Bahia até ao Ceará. Esta região de bosques tropicais transformou-se, como diz Josué de Castro, numa região de savannas. Nascida naturalmente para produzir alimentos, passou a ser uma região de fome. Onde tudo nascia com um vigor exuberante, o latifúndio açucareiro, destruidor e avassalador, deixou rochas estéreis, solos lavados terras exauridas. Tinham-se feito, inicialmente, plantações de laranjeiras e de mangueiras, que ‘foram abandonadas à sua sorte e que ficaram reduzidas a pequenas hortas que rodeavam a casa do dono do engenho, reservadas exclusivamente à família do plantador branco’. Os incêndios que desobstruíram terras para os canaviais devastaram a floresta e, com ela, a fauna; desapareceram os veados, os javalis, os tapires, os coelhos, as pacas e os tatus. O tapete vegetal, a flora e a fauna foram sacrificados, nos altares da monocultura, à cana-de-açúcar. A produção extensiva esgotam rapidamente os solos.» Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina (1971) – Antígona 2017.

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