«Quem hoje chega à aldeia de Vale Domingos, em Águeda, terá dificuldade em acreditar na história recente do lugar. O jardim está impecavelmente cuidado, ciganos e não ciganos convivem e trabalham como iguais, orgulhosos daquele canto que é de todos. Ninguém diria que, há não muitos anos, aquele lugar era conhecido pelos piores motivos — o nome da terra era associado a alguma criminalidade e tensão social. A partir de 2015, Vale Domingos transformou-se por completo, por conta de um projecto que é bonito por dentro e por fora. A população uniu-se para transformar um baldio num parque botânico. Mais do que a recuperação ambiental, conseguiu-se criar um verdadeiro espírito de comunidade, numa aldeia em que cerca de um terço dos seus habitantes são de etnia cigana. Tanto assim é que o projecto não pára de crescer e de ganhar novas ramificações. (…)
Vale Domingos, que era uma terra onde as pessoas tinham medo de trazer o carro com receio que o assaltassem, hoje é a aldeia capital das magnólias e tem uma das maiores colecções de áceres. O foco passa por ter ali a maior colecção de magnólias do mundo. “Para já é a quarta ou a quinta, mas vamos ser a maior”, antecipa Ricardo Pereira, assegurando que a “magnolomania” se estenderá para além do parque. Querem contagiar toda a aldeia, decorando cada jardim, cada rotunda, com aquelas plantas exóticas. Porquê esta espécie em particular? “Percebemos que havia 300 e tal variedades diferentes e que dava para ter um parque muito colorido”, justificam.
Neste momento, o objectivo passa por adquirir as cerca de
30 variedades que faltam para alcançar o título de “maior colecção de magnólias
do mundo”, a par com a já referida expansão do parque.»
Maria José Santana, Público 25abr2021.
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