No Reino Unido, em média, 11% do lixo recolhido para reciclagem é incinerado. Em algumas áreas, os números são muito mais altos: 45% em Southend-on-Sea e 38% em Warwickshire. Há uma correlação direta entre regiões vinculadas a contratos de incineração e baixas taxas de reciclagem. Na Inglaterra, mais resíduos são queimados do que reciclados - 11,6 milhões de toneladas foram incineradas em 2019, enquanto 10,9 milhões foram enviados para reciclagem. Há 48 incineradores de energia de resíduos em todo o país, e os números da indústria mostram que há mais 18 na calha.
Os índices de reciclagem em Inglaterra permanecem
estagnados em 45%, segundo dados do governo, o mesmo nível de 2017, e muito
aquém da mudança revolucionária no lixo e reciclagem prometida pela lei do
ambiente, entretanto adiada para a próxima legislatura.
No passado, as objeções à incineração centravam-se
sobretudo na qualidade do ar e nas preocupações com a saúde pública, mas o foco
mudou. Na era do carbon zero e antes da cimeira climática de Glasgow, os ativistas concentram-se nas emissões e
sublinham que alegações verdes da indústria de incineração estão sujeitas a
escrutínio.
Enquanto os produtores tradicionais de energia são
obrigados a publicar as suas emissões totais de dióxido de carbono, a indústria
de energia proveniente de resíduos só está obrigada a contabilizar o CO2 da
queima de resíduos fósseis, como o plástico. Não reporta as emissões de
resíduos de alimentos e jardins, conhecidos como CO2 biogénico. A indústria
também diz que ao desviar os resíduos do aterro (considerado o pior resultado
possível na ortodoxia de resíduos) e reivindicar de volta uma percentagem da
energia incorporada do lixo ao gerar eletricidade, a tecnologia de energia de
resíduos representa uma fonte de eletricidade de baixo carbono.
Um relatório da consultora Eunomia, encomendado pela
ClientEarth, mostra que a produção de eletricidade a partir de resíduos é mais
intensiva em carbono do que a produção de gás, perdendo apenas para o carvão.
Na verdade, à medida que o carvão for sendo abandonado, a energia do lixo
tornar-se-á a forma mais suja de produção de eletricidade no Reino Unido. O
relatório conclui que, em 2035, a incineração será um processo mais intensivo
em carbono do que o aterro.
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