Bico calado
- Mesquita, Salvador (Britalar) e Rio ilibados no processo
do túnel. MP arquivou inquérito por suspeitas de crimes em obra que teve 893
mil euros de trabalhos a mais. Luís Moreira, JN 6mar2021.
- Aeroporto fora do Montijo custará no mínimo mais 16 mil milhões.
Infraestrutura nova obriga a consurso europeu e a indemnizar a Vinci pelo
resultado perdido a 40 anos de gestão. Com base no lucro dos primeiros seis anos
de concessão, são, pelo menos, 10 mil milhões de compensação. Joana Petiz e Ana
laranjeiro – Dinheiro Vivo/JN 6mar2021.
- «(…) Cavaco Silva peca, por isso, por exagero — o que configura
uma oportunidade perdida. (…) A sua aversão a António Costa e ao modelo de Governo
que teve de aceitar contra a sua vontade influenciam-lhe a análise; o estilo e
o brilho de Marcelo que tanto ofuscam os seus mandatos toldam-lhe o
discernimento. É esse ataque ad hominem que explica o fantasma da “democracia
amordaçada”. E que, em vez de emprestar um carácter útil à denúncia, a
transforma num resmungo birrento e inconsequente.» Manuel Carvalho, A mordaça e
Cavaco Silva – Público 7mar2021.
- «A primeira coisa a dizer ao Partido Comunista Português
não é parabéns: é obrigado. O ser humano é ingrato e a variante portuguesa é
conhecida por ter horror à gratidão (e ao elogio) em todas as formas, mas
gostava que os mais ingratos dessem uma vista de olhos pelas coisas que o PCP
defende e fizesse uma lista daquelas com as quais não concorda. Note-se que
muitas das coisas valiosas pelas quais se bate o PCP nós já temos (o SNS, a
Constituição, a escola pública). Note-se também que o PCP contribuiu muito para
que as tivéssemos — algumas delas, importantíssimas, por ter sido o primeiro a
defendê-las. Quando penso nos comunistas portugueses, penso em
seriedade e honestidade, penso em patriotismo e, sobretudo, penso na defesa dos
portugueses mais indefesos: os mais pobres, os mais fracos, os mais
injustiçados, os que mais precisam de quem lute e fale por eles. Penso também
em coragem e teimosia: a coragem de ir contra o que cai bem, de ir contra as
modas, de ir contra o conforto da elite política, de ir contra o que aconselham
as sondagens de opinião. Acho espantoso que se elogie o trabalho do PCP onde
quer que o tenham deixado trabalhar — elegendo-o para as autarquias, por
exemplo —, mas que se queira atenuar esse elogio com um mero reconhecimento da
sua “capacidade organizativa” ou mobilizadora ou sabe-se lá o quê. E depois há
a versão ainda mais depreciativa de lhes dar os parabéns só por ter durado cem
anos. O PCP conseguiu o que fez — o que já fez e está agora a fazer, repito —
porque trabalhou, com afinco, lealdade, sacrifício e sentido de missão, para
ajudar quem precisava — e continua a precisar — de ajuda. De nenhum outro
partido português se pode dizer isto. Que dure mais cem anos, para bem de todos
nós.» Miguel Esteves Cardoso, Vivam os
comunistas! – Público 6mar2021.
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