terça-feira, 2 de março de 2021

Bico calado

  • «(…) Um Ministro dos Negócios Estrangeiros do país que ocupa a Presidência da União Europeia deve medir as palavras e não tomar os seus desejos, inclinações e opiniões pela política externa portuguesa. As decisões de Biden devem sempre estar sujeitas ao escrutínio dos interesses de todos os países – saber se essas ações são positivas ou negativas para a paz e a cooperação mundiais. O que é bom para os USA não é ipso facto bom para a UE, Portugal ou o mundo. Aqui é que bate o ponto. O enlevo de Santos Silva não augura nada de bom em termos nacionais e da Presidência portuguesa da UE. O Sr. Ministro devia conter-se; os USA são o país mais poderoso do mundo, mas o mundo de hoje já não depende só do Tio Sam. O mundo vai mesmo na senda do multilateralismo, o qual é contraditório com a existência de um líder. Esse pode eventualmente ser o desejo de Santos Silva, mas outra coisa é a realidade e essa impõe maior contenção.» Domingos Lopes, O ternurento encanto de Augusto Santos Silva pela política externa dos USA - O Chocalho.
  • «Um milionário de nome Carlos Moreira da Silva, diz ao ECO que quase não há liberdade económica em Portugal. Ou estamos em presença de um génio, ou há liberdade que chegue para o tipo ter enriquecido, ou é outro que enriqueceu à custa do Estado. Cheira-me que é apenas uma patetice.» Pedro Marques Lopes.
  • «(…) A inclusão dos presidentes de junta nas assembleias municipais é um aborto político-jurídico. Eleitos para uma autarquia em concreto, e só para ela, por uma fracção às vezes minúscula de eleitores, subvertem, com a sua presença, e sobretudo com o seu voto, a vontade expressa pela totalidade dos eleitores de um concelho quando votam nas listas para a assembleia municipal. Uma das razões da incapacidade de escrutínio das assembleias municipais reside nisto. Tecnicamente, a votação para as assembleias municipais não tem sentido, já que é escandalosamente distorcida por membros sem legitimidade política para nela serem integrados. (…)» João Carlos Lopes, Para quê eleger assembleias municipais? Público 1mar2021.
  • Eslovénia apresentou o projeto Europe Readr, uma máquina de venda automática de livros por ocasião da próxima Presidência Eslovena do Conselho da União Europeia. A parceria celebrada com editoras nacionais e estrangeiras disponibilizará, semanalmente 21 livros com preços oscilando entre os 5 e os 10 euros. Plamen Petrov, The Mayor. A ideia não é original, há muito havendo máquinas destas em aeroportos e no Brasil.  Original é usar esta tecnologia para promover a candidatura de Drago Jančar a prémio Nobel da Literatura. Refira-se que 24 de maio é feriado no país dedicado às letras.
  • «Por que colaboramos com a nossa própria destruição? Penso que uma das respostas é o nosso compromisso assumido com a irrelevância. Enfrentamos desafios enormes e sem precedentes, mas quando se sintoniza os programas de rádio mais populares, ouve-se pessoas a falar o dia inteiro sobre nada. À medida que o clima e o colapso ecológico acontecem a uma velocidade e escala alarmantes, à medida que a democracia se esvaziada, enquanto um punhado de oligarcas acumula um enorme poder económico e político, enchemos a nossas cabeças com ruído sem sentido. A grande maioria do que ouvimos não transmite nenhum conhecimento útil ou compreensão sobre o nosso mundo. Parece uma reação defensiva: uma determinação em não querer saber. Passei a acreditar que essa trivialidade frenética é tão perigosa como qualquer propaganda. E funciona em loop. À medida que as nossas cabeças se enchem de determinada irrelevância, torna-se socialmente impossível falar sobre qualquer outra coisa. A mudança mental necessária para discutir questões sérias e cruciais é muito grande. A maior parte do "jornalismo político" é fofoca de salão: quem está dentro, quem está fora, quem disse o quê para quem. Evita cuidadosamente o que está por baixo: o dinheiro sujo, a corrupção, o esvaziamento da democracia. Até as páginas literárias dos jornais estão comprometidas com a fofoca: a cultura das celebridades. Portanto, uma resposta à questão de por que colaboramos com a nossa própria destruição é que nos afastamos deliberadamente do conhecimento e da compreensão e enchemos as nossas cabeças com tagarelice persistente. É uma forma subtil e insidiosa de negação reativa. Talvez o reflexo desta negação seja inevitável numa espécie que está ciente ou não da sua própria mortalidade.» George Monbiot.
  • Notáveis de laboratórios de ideias conhecidos por fazer lóbi contra a regulamentação ambiental foram nomeados para os principais conselhos consultivos do governo que orientam o futuro da política comercial pós-Brexit no Reino Unido. Rachel Sherrington, DesmogUK.

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