Bico calado
- «(…) Um Ministro dos Negócios Estrangeiros do país que
ocupa a Presidência da União Europeia deve medir as palavras e não tomar os
seus desejos, inclinações e opiniões pela política externa portuguesa. As
decisões de Biden devem sempre estar sujeitas ao escrutínio dos interesses de
todos os países – saber se essas ações são positivas ou negativas para a paz e
a cooperação mundiais. O que é bom para os USA não é ipso facto bom
para a UE, Portugal ou o mundo. Aqui é que bate o ponto. O enlevo de Santos
Silva não augura nada de bom em termos nacionais e da Presidência portuguesa da
UE. O Sr. Ministro devia conter-se; os USA são o país mais poderoso do mundo,
mas o mundo de hoje já não depende só do Tio Sam. O mundo vai mesmo na senda do
multilateralismo, o qual é contraditório com a existência de um líder. Esse
pode eventualmente ser o desejo de Santos Silva, mas outra coisa é a realidade
e essa impõe maior contenção.» Domingos Lopes, O ternurento encanto de Augusto
Santos Silva pela política externa dos USA - O Chocalho.
- «Um milionário de nome Carlos Moreira da Silva, diz ao ECO que quase não há liberdade económica em Portugal. Ou
estamos em presença de um génio, ou há liberdade que chegue para o tipo ter
enriquecido, ou é outro que enriqueceu à custa do Estado. Cheira-me que é
apenas uma patetice.» Pedro Marques Lopes.
- «(…) A inclusão dos presidentes de junta nas assembleias
municipais é um aborto político-jurídico. Eleitos para uma autarquia em
concreto, e só para ela, por uma fracção às vezes minúscula de eleitores, subvertem,
com a sua presença, e sobretudo com o seu voto, a vontade expressa pela
totalidade dos eleitores de um concelho quando votam nas listas para
a assembleia municipal. Uma das razões da incapacidade de escrutínio das assembleias
municipais reside nisto. Tecnicamente, a votação para as assembleias municipais
não tem sentido, já que é escandalosamente distorcida por membros sem
legitimidade política para nela serem integrados. (…)» João Carlos Lopes, Para
quê eleger assembleias municipais? Público 1mar2021.
- Eslovénia apresentou o projeto Europe Readr, uma
máquina de venda automática de livros por ocasião da próxima Presidência
Eslovena do Conselho da União Europeia. A parceria celebrada com editoras
nacionais e estrangeiras disponibilizará, semanalmente 21 livros com preços
oscilando entre os 5 e os 10 euros. Plamen Petrov, The Mayor. A ideia não é original, há muito havendo máquinas destas
em aeroportos e no Brasil. Original é
usar esta tecnologia para promover a candidatura de Drago Jančar a prémio Nobel
da Literatura. Refira-se que 24 de maio é feriado no país dedicado às letras.
- «Por que colaboramos com a nossa própria destruição?
Penso que uma das respostas é o nosso compromisso assumido com a irrelevância.
Enfrentamos desafios enormes e sem precedentes, mas quando se sintoniza os
programas de rádio mais populares, ouve-se pessoas a falar o dia inteiro sobre
nada. À medida que o clima e o colapso ecológico acontecem a uma velocidade e
escala alarmantes, à medida que a democracia se esvaziada, enquanto um punhado
de oligarcas acumula um enorme poder económico e político, enchemos a nossas
cabeças com ruído sem sentido. A grande maioria do que ouvimos não transmite
nenhum conhecimento útil ou compreensão sobre o nosso mundo. Parece uma reação
defensiva: uma determinação em não querer saber. Passei a acreditar que essa
trivialidade frenética é tão perigosa como qualquer propaganda. E funciona em
loop. À medida que as nossas cabeças se enchem de determinada irrelevância,
torna-se socialmente impossível falar sobre qualquer outra coisa. A mudança
mental necessária para discutir questões sérias e cruciais é muito grande. A
maior parte do "jornalismo político" é fofoca de salão: quem está
dentro, quem está fora, quem disse o quê para quem. Evita cuidadosamente o que
está por baixo: o dinheiro sujo, a corrupção, o esvaziamento da democracia. Até
as páginas literárias dos jornais estão comprometidas com a fofoca: a cultura
das celebridades. Portanto, uma resposta à questão de por que colaboramos com a
nossa própria destruição é que nos afastamos deliberadamente do conhecimento e
da compreensão e enchemos as nossas cabeças com tagarelice persistente. É uma
forma subtil e insidiosa de negação reativa. Talvez o reflexo desta negação
seja inevitável numa espécie que está ciente ou não da sua própria
mortalidade.» George Monbiot.
- Notáveis de laboratórios de ideias conhecidos por fazer lóbi contra a regulamentação ambiental foram nomeados para os principais conselhos consultivos do governo que orientam o futuro da política comercial pós-Brexit no Reino Unido. Rachel Sherrington, DesmogUK.
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