sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Bico calado

  • Dez vacinas Covid-19 estão na última fase de testes clínicos em todo o mundo e mais de 180 países comprometeram-se a participar na COVAX, uma iniciativa internacional que visa garantir o acesso global equitativo às vacinas Covid-19, informou o cientista-chefe da OMS, Dr. Soumya Swaminathan. Press TV.
  • Joe Berardo está a transformar um edifício, situado na Reserva do Parque Natural da Arrábida, num palácio sem ter licença para as obras, que decorrem há cerca de ano e meio. Além disso, o ICNF deu parecer negativo às alterações. Apesar disso as obras continuam, sem que tenham sido travadas. Já não é a primeira vez que Berardo é associado a obras ilegais. JJM, Público.
  • Mais de uma dezena de jovens investigadores visitantes da China viram os seus vistos cancelados abruptamente através de uma carta da administração da Universidade do Norte do Texas, Denton, em 26 de agosto. A carta informava os alunos que eles poderiam regressar aos seus alojamentos no campus para reaverem os seus pertences, estando todos os outros acessos encerrados para eles. Os alunos e bolsistas não receberam qualquere explicação. Ficaram sem base legal para permanecer nos EUA. John V. Walsh, O racismo anti-chinês prepara o cenário para um novo macartismo - Dissidente Voice.
  • Novos documentos revelam como a indústria agropecuária norte-americana monitoriza e castiga os seus críticos. Glenn Greenwald, The Intercept.
  • «(…) Quando os jornalistas pressionam os seus sindicatos não para exigir melhores salários, melhores benefícios, maior segurança no emprego ou maior independência jornalística, mas como um instrumento para censurar os seus próprios colegas jornalistas, o conceito de sindicato - e jornalismo - é totalmente pervertido. (,,,) Se você está ansioso para reduzir os limites da expressão, por que escolheu o jornalismo de entre tantas outras opções de trabalho? É como alguém que acredita que a viagem espacial é um desperdício de recursos imoral e opta por se tornar um astronauta da NASA.(…)» Glenn Greenwald, The Intercept, a propósito da campanha de crítica e atitudes censórias do sindicato de jornalistas do NYTimes em relação a um texto de Bret Stephens no NYTImes de 9out2020 defendendo que a verdadeira data de nascimento do país não é 1776, como há muito se acredita, mas sim o final de 1619, quando os primeiros escravos africanos chegaram ao solo dos EUA.
  •  «(…) Para Antero, as principais causas da decadência refletem-se nos três grandes aspetos da vida social: o pensamento, a política e o trabalho. A primeira, já referida (o Concílio de Trento), é analisada em grande detalhe. (…) Para Antero o resultado resume-se à ideia de que, sendo o cristianismo sobretudo um sentimento, o catolicismo fortalece a instituição. “Um vive da fé e da inspiração: o outro do dogma e da disciplina.” Para impor a Igreja de Roma, o cristianismo era sacrificado. E não poupa os jesuítas. “D. Sebastião, o discípulo dos jesuítas, vai morrer nos areais de África pela fé católica, não pela nação portuguesa.” A segunda foi o estabelecimento do absolutismo. “O poder absoluto assenta-se sobre a ruína das instituições locais.” Forçando e “acostumando o povo a servir, habituando-o à inércia de quem espera tudo de cima... quebrou a energia das vontades, adormeceu a iniciativa”. Tomando como exemplo um dos grandes desastres desse período, acrescenta: “Se Filipe II não fosse absoluto, jamais teria podido tentar o seu absurdo projeto de conquistar a Inglaterra, não teria feito sepultar nas águas do oceano com a invencível armada milhares de vidas e um capital prodigioso inteiramente perdido.” A terceira causa, as Conquistas, foi de caráter essencialmente económico. A procura da glória e fortuna “fáceis” transformou os agricultores em soldados e aventureiros, despovoou as terras e destruiu a agricultura. Escravizou povos, destruiu civilizações e a riqueza que produziu foi efémera. [Antero do Quental] termina o seu discurso apelando à “renovação incessante da humanidade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento, sempre inspirado”, lutando por uma revolução, vista como “um verbo de paz, por que é o verbo humano por excelência”. Em 1871 esta mensagem era revolucionária. Mas pouco ou nada mudou até os peninsulares se libertarem das longas ditaduras a que foram sujeitos. Afinal, foram quatro séculos de atraso. Já em democracia e integrados numa Europa baseada na liberdade e no conhecimento, ficamos surpreendidos com a recuperação das últimas quatro décadas. Apesar de ainda frágil, foi possível. Num momento em que os fundamentalismos religiosos, políticos e económicos crescem por todo o lado, os alertas de Antero continuam a ser mais do que pertinentes.» Alexandre Quintanilha, Afinal foram quatro séculos - Público 14out2020.

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