quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Bico calado

  • «Portugal faz pouco para investigar os crimes de pagamento de suborno a agentes públicos estrangeiros e não melhorou nos últimos quatro anos, revela o relatório Exportando a Corrupção elaborado pela Transparência Internacional (…). Desde 2016, apenas quatro casos foram investigados pelas autoridades portuguesas e nenhum deu origem a sanções até agora. (…) Apesar disso, Portugal mantém-se no grupo dos países com uma acção moderada contra a corrupção num contexto internacional apontado como preocupante, já que a maioria dos países avaliados (35 dos 47), não aplicaram praticamente nenhuma das suas leis de suborno estrangeiras.» Leonete Botelho, Público 13out2020.
  • «“O Chega é um partido de gente do sistema, do pior que o sistema tem e que está louquinha para arranjar tacho no Governo”, disse Pedro Perestrello. (…) “O Chega acabou por ser uma fraude. As pessoas da Liga perceberam que o Chega foi tomado por uma associação de malfeitores sem princípios e sem carácter”, disse Jorge Castela, entrevistado por Ricardo Cabral Fernandes, no Público de 13out2020.
  • As 20 pessoas mais ricas do Canadá viram as suas fortunas crescerem US $ 37 mil milhões nos últimos meses durante a pandemia Covid-19. Rick Da Conceicao, The Beat 92.5.
  • Pelo menos 9 jovens perderam a vida soterrados nas margens do rio Meluli, Nampula, Moçambique, onde trabalhavam no garimpo ilegal de pedras preciosas. A Verdade.
  • O Ministério de Assuntos Estratégicos de Israel disponibilizou US $ 37 milhões para plantar publicidade como cobertura de notícias nos media em todo o mundo. Em Espanha também existe uma rede de apoio ao Estado de Israel, na qual se destacam políticos e jornalistas. Jorge Mancebo, El Salto.
  • O Australian Strategic Policy Institute não é só financiado pelo Departamento de Defesa, mas também por governos estrangeiros, fabricantes de armas e empresas dos EUA, entre elas a BAE Systems, Lockheed Martin, Boeing e a Raytheon, que usaram ou estão a usar trabalhadores penitenciários pagos a 23 cêntimos à hora. Marcus Reubenstein, Michael West Media.
  • Na Austrália, algumas das escolas particulares mais ricas do país já arrecadaram milhões com o Jobkeeper, nomeadamente a King’s School, o St Joseph’s College, a Frensham e The Armidale School, bem como a Geelong Grammar, a Trinity Grammar, o Wesley College e o Bialik College. O governo também deu US $ 10 milhões a escolas particulares para compensar os custos de higiene da Covid-19 com itens como sabonete, desinfetante para as mãos, produtos de limpeza de sala de aula e serviços de limpeza adicionais. Financiamento semelhante não foi fornecido a escolas públicas. Trevor Cobbold, Michael West Media.
  • «Uma solução poderá passar por aquilo a que se chama “sanduíche da verdade” (truth sandwich, em inglês), como propôs o linguista George Lakoè em 2018 e de que académicos e media internacionais falam entusiasticamente desde então, mas que raramente é posta em prática. A sanduíche da verdade implica três procedimentos na cobertura jornalística de discursos desinformativos como os que são comuns nos populistas: começar a peça com a verdade, indicar a mentira, mas rapidamente voltar à verdade. A repetição é a base da propaganda, mas também pode ser a do combate ao populismo — mas ampliando a verdade, não a mentira ou desinformação. Não é de todo prudente uma redação ampliar uma mentira, mesmo que seja para revelar a verdade. (…) Outra atitude a evitar — e que choca com tudo o que aprendemos no jornalismo — é a personalização dos discursos populistas, porque isso só vai aumentar a popularidade do líder populista (…) O combate ao populismo não é só o combate aos seus líderes. Esta sanduíche da verdade dá trabalho, pois implica que os jornalistas façam uma cobertura jornalística construtiva, isto é, ampliando a verdade que é, neste caso, a consequência da mentira. O que os leitores têm de reter não é o discurso populista, são as consequências desse discurso se recolher os seus votos. E essas consequências pautam-se por frases tão simples como esta: a vida pode ser difícil, mas será muito mais sem democracia.» Dora Santos Silva, Jornalismo: como abrir os olhos de quem não quer ver – Público 13out2020.

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