Bico calado
- «Portugal faz pouco para investigar os crimes de
pagamento de suborno a agentes públicos estrangeiros e não melhorou nos últimos
quatro anos, revela o relatório Exportando a Corrupção elaborado pela Transparência Internacional (…).
Desde 2016, apenas quatro casos foram investigados pelas autoridades
portuguesas e nenhum deu origem a sanções até agora. (…) Apesar disso, Portugal mantém-se no grupo dos países
com uma acção moderada contra a corrupção num contexto internacional apontado
como preocupante, já que a maioria dos países avaliados (35 dos 47), não
aplicaram praticamente nenhuma das suas leis de suborno estrangeiras.» Leonete
Botelho, Público 13out2020.
- «“O Chega é um partido de gente do sistema, do pior que o
sistema tem e que está louquinha para arranjar tacho no Governo”, disse Pedro
Perestrello. (…) “O Chega acabou por ser uma fraude. As pessoas da Liga perceberam que o Chega foi
tomado por uma associação de malfeitores sem princípios e sem carácter”, disse
Jorge Castela, entrevistado por Ricardo Cabral Fernandes, no Público de
13out2020.
- As 20 pessoas mais ricas do Canadá viram as suas fortunas
crescerem US $ 37 mil milhões nos últimos meses durante a pandemia Covid-19. Rick
Da Conceicao, The Beat 92.5.
- Pelo menos 9 jovens perderam a vida soterrados nas
margens do rio Meluli, Nampula, Moçambique, onde trabalhavam no garimpo ilegal
de pedras preciosas. A Verdade.
- O Ministério de Assuntos Estratégicos de Israel disponibilizou
US $ 37 milhões para plantar publicidade como cobertura de notícias nos
media em todo o mundo. Em Espanha também existe uma rede de apoio ao Estado de
Israel, na qual se destacam políticos e jornalistas. Jorge Mancebo, El Salto.
- O Australian Strategic Policy Institute não é só
financiado pelo Departamento de Defesa, mas também por governos estrangeiros,
fabricantes de armas e empresas dos EUA, entre elas a BAE Systems, Lockheed
Martin, Boeing e a Raytheon, que usaram ou estão a usar trabalhadores
penitenciários pagos a 23 cêntimos à hora. Marcus Reubenstein, Michael West Media.
- Na Austrália, algumas das escolas particulares mais ricas
do país já arrecadaram milhões com o Jobkeeper, nomeadamente a King’s School, o
St Joseph’s College, a Frensham e The Armidale School, bem como a Geelong
Grammar, a Trinity Grammar, o Wesley College e o Bialik College. O governo
também deu US $ 10 milhões a escolas particulares para compensar os custos de
higiene da Covid-19 com itens como sabonete, desinfetante para as mãos,
produtos de limpeza de sala de aula e serviços de limpeza adicionais.
Financiamento semelhante não foi fornecido a escolas públicas. Trevor Cobbold,
Michael West Media.
- «Uma solução poderá passar por aquilo a que se chama
“sanduíche da verdade” (truth sandwich, em inglês), como propôs o linguista
George Lakoè em 2018 e de que académicos e media internacionais falam entusiasticamente
desde então, mas que raramente é posta em prática. A sanduíche da verdade
implica três procedimentos na cobertura jornalística de discursos desinformativos como
os que são comuns nos populistas: começar a peça com a verdade, indicar a
mentira, mas rapidamente voltar à verdade. A repetição é a base da propaganda,
mas também pode ser a do combate ao populismo — mas ampliando a verdade, não a
mentira ou desinformação. Não é de todo prudente uma redação ampliar uma
mentira, mesmo que seja para revelar a verdade. (…) Outra atitude a evitar — e
que choca com tudo o que aprendemos no jornalismo — é a personalização dos
discursos populistas, porque isso só vai aumentar a popularidade do líder
populista (…) O combate ao populismo não é só o combate aos seus líderes. Esta
sanduíche da verdade dá trabalho, pois implica que os jornalistas façam uma
cobertura jornalística construtiva, isto é, ampliando a verdade que é, neste
caso, a consequência da mentira. O que os leitores têm de reter não é o
discurso populista, são as consequências desse discurso se recolher os seus
votos. E essas consequências pautam-se por frases tão simples como esta: a vida
pode ser difícil, mas será muito mais sem democracia.» Dora Santos Silva,
Jornalismo: como abrir os olhos de quem não quer ver – Público 13out2020.
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