A limpeza mecânica das praias arrasa a sua biodiversidade, garantem especialistas entrevistados por Hortense Chauvin, na Reporterre.
Florian Geoffroy, diretor da Rivages de France, considera que a intervenção de máquinas nas praias danificam seriamente a vitalidade dos ecossistemas das dunas. A remoção dos detritos naturais do mar, como a mistura de conchas, algas e gravetos trazidos pela maré, tem consequências particularmente prejudiciais para a biodiversidade. Isso esgota o solo e impede o desenvolvimento de plantas que permitem que espécies que dependem desses ambientes se alimentem, se refugiem e se reproduzam. Esses resíduos são um habitat privilegiado para insetos, especialmente pulgas do mar. Quando as algas são removidas das praias, os insetos que lá vivem desaparecem, o que prejudica as espécies que dependem deles. Muitos pássaros comem-nos. Isso também afeta a biodiversidade no mar, pois, quando as algas são capturadas pela maré, os peixes jovens alimentam-se dos insetos que as colonizaram.
Entre as espécies de aves mais afetadas pela limpeza mecânica das praias, estão passeriformes, alvéolas, andorinhas-anãs e tarambolas. Qualquer que seja a máquina utilizada, há sempre impacto. Às vezes, elas esmagam os ovos sem saberem.
A limpeza mecânica também transforma a geomorfologia das praias e acelera a erosão. A triagem desconstrói o solo e torna a areia muito mais volátil, o que enfraquece a costa, diz Florian Geoffroy. Os resíduos naturais marinos e as plantas marinhas também constituem uma barreira contra o vento: quando são removidas, as dunas tornam-se menores e mais instáveis. Por fim, o litoral torna-se mais vulnerável às alterações climáticas, uma vez que as dunas constituem um baluarte natural contra o aumento do nível do mar e das tempestades.
"Temos que fazer os cidadãos entenderem que praias que não são limpas mecanicamente são ambientes vivos, não sujos", sublinha FAbien Mercier, responsável pelos projetos na LPO Poitou-Charentes.
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