quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Bico calado

  • «(…) Marega colocou a dignidade acima do silêncio que tem permitido a manutenção do racismo como forma de expressão tolerada nas ruas, televisões e estádios de Portugal. O seu ato mostrou como é intolerável uma situação que, de tão frequente, as pessoas não notavam. Vou reformular: nós brancos raramente notamos o racismo, porque não somos diariamente sujeitos a ele. O ato de Moussa Marega quebrou esse manto da invisibilidade consentida por muitos.(…)» Nuno Ramos de Almeida, in Wort.
  • «Os Estados, os partidos, seja em nome do território ou da ideologia, podem mandar para a morte milhões de jovens cheios de vida para alimentar a guerra, atirando para o desespero os seus familiares (as ordem dos médicos costumam pronunciar-se? e as religiões?) as religiões podem, em nome da sua fé, tirar a vida de inocentes, crentes e não crentes, de todas as idades, cheios de vida, como tem acontecido ao longo de séculos e nem estou a falar dos 300 anos de fogueiras da Inquisição… (as ordens dos médicos insurgiram-se alguma vez?), mas um doente com uma doença incurável, em grande sofrimento físico e psíquico, não tem direito a implorar no seu leito de morte a ajuda no morrer, que não venham logo partidos que berram, religiões que se agitam e a ordem dos médicos que ameaça. Afinal a quem pertence o corpo que vai morrer: ao senhor general? ao senhor bispo? ao bastonário da ordem dos médicos? ou ao próprio?» Pinto dos Santos Toni, FB.
  • «Os EUA ultrapassaram a Suíça no ranking global de países mais cúmplices em ajudar as pessoas a esconder as suas finanças do estado de direito - mas as Cayman ultrapassaram-nos como pior infrator. Estima-se que entre 21 e 32 triliões de dólares em riqueza financeira privada estejam localizados, sem impostos ou com impostos leves, em paraísos fiscais em todo o mundo. Os paraísos fiscais usam o sigilo para atrair fluxos financeiros ilícitos e ilegítimos ou abusivos. Desde a década de 1970, só os países africanos perderam mais de 1 trilião de dólares em fuga de capitais, enquanto as dívidas externas combinadas são inferiores a 200 biliões. Portanto, a África é um grande credor líquido do mundo - mas os seus ativos estão nas mãos de uma elite rica, protegida pelo sigilo offshore, enquanto as suas dívidas são assumidas por enormes populações africanas. Os países ricos não escapam a esta razia. Por exemplo, a Grécia, Itália e Portugal ficaram de rastos em parte graças a décadas de evasão de impostos e saques estatais através do segredo das offshores. Uma indústria global desenvolveu-se envolvendo os maiores bancos, práticas jurídicas, escritórios de contabilidade e fornecedores especializados que projetam e comercializam estruturas secretas de offshores para os seus clientes que fogem aos impostos e às leis. A concorrência entre paraísos fiscais para fornecer instalações de sigilo tornou-se uma característica central dos mercados financeiros globais, particularmente desde que a era da globalização financeira arrancou na década de 1980. Ao garantir sigilo, o mundo offshore corrompe e distorce mercados e investimentos, moldando-os de tal maneira que nada têm a ver com eficiência. Este mundo secreto é um viveiro de vários males, incluindo fraude, fraude fiscal, fuga de regulamentos financeiros, peculato, abuso de informação privilegiada, suborno, lavagem de dinheiro e muito mais. Ele fornece várias maneiras para os insiders extraírem riqueza à custa das sociedades, criando impunidade política e minando a política saudável de “não há impostos sem representatividade” que sustentou o crescimento dos estados-nações modernos responsáveis. Muitos países mais pobres, privados de impostos e com hemorragia de capital em offshores secretas, ficam reféns da ajuda externa. E isto prejudica os cidadãos dos países ricos e pobres. Ao identificar os fornecedores mais importantes do sigilo financeiro internacional, o Índice de Sigilo Financeiro revela que os estereótipos tradicionais dos paraísos fiscais são mal interpretados. Os fornecedores mais importantes do sigilo financeiro que acoitam ativos saqueados não são na maioria pequenas ilhas com palmeiras, como muitos supõem, mas alguns dos maiores e mais ricos países do mundo. Os países ricos membros da OCDE e seus satélites são os principais destinatários ou condutores desses fluxos ilícitos.» FSI. Portugal está em 76, numa lista de 133.
  • Porto Rico é um paraíso fiscal. E enquanto este paraíso fiscal entra em falência e encerra cerca de 200 escolas e efetua enormes cortes orçamentais, concede benefícios fiscais a grandes empresas e investidores milionários. Calcula-se que, só em 2017, as isenções fiscais concedidas tenham ultrapassado os 20 biliões de dólares. Little Sis.
  • O presidente dos EUA concedeu clemência a 11 figuras polémicas que foram condenadas por acusações que incluem fraude, corrupção e mentira. Trump é acusado de abusar do poder do perdão para recompensar amigos e reparar a reputação de criminosos que não merecem. NYTimes.
  • Os EUA impuseram novas sanções contra uma gigante petrolífera russa Rosneft, que mantém negócios com a Venezuela, titula o NYTimes.
  • O governo do Reino Unido financiou secretamente jornalistas cidadãos sírios para campanha de propaganda para retratar "rebeldes" como moderados e para retratar Assad como impopular, reporta o Middle East Eye.
  • As autoridades chinesas deram 5 dias para 3 jornalistas do Wall Street Journal saírem do país. Tudo por causa de um título considerado racista que não mereceu um pedido de desculpas. As 3 expulsões acontecem um dia depois de os EUA terem considerado 5 media chineses a operar nos EUA com fazendo parte de uma plataforma de propaganda. AFP/Terra Daily.

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