sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Reflexão – Minas e barragens

Pontos vermelhos: novas barragens previstas.
  • Várias organizações ambientalistas instaram a Comissão Europeia a interromper a expansão de projetos hidroelétricos. Um estudo divulgado pela EuroNatur, Riverwatch, World Wildlife Fund (WWF) e GEOTA destacou o falhanço dos governos dentro e fora da Europa na proteção dos rios e da biodiversidade e o desrespeito da EU pela legislação de proteção da água. Via Reuters.
  • «(…) A exploração de Lítio é muito semelhante à de uma qualquer pedreira de minerais de granito por esse país fora, ou seja, quartzo, feldspatos, micas, caulinos, areias. De referir que além destas existem as pedreiras de calcários, que põem problemas diferentes e os barreiros de onde se extraem argilas para diversos fins, também eles com inconvenientes para o ambiente. De uma forma geral, todas as pedreiras implicam ruido, poeiras, cursos de água alterados pela presença de partículas que formam lamas, e feias cicatrizes na paisagem. O problema foi que lhe chamaram Mina de Lítio, em vez de Pedreira de Produtos Graníticos, ou Pedreira de Micas, que é o que de facto é uma mina de Lítio. O granito é uma rocha constituída por quartzo, feldspato e micas, exactamente os mesmos minerais que constituem os grãos de areia das praias, eles próprios produtos de alteração de granitos. O Lítio está associado às micas de Lítio em alguns granitos. Extrair o Lítio, é extrair as micas, tal como se extrai o quartzo e o feldspato dos mesmos locais, apenas com uma muito maior margem de lucro, agora que o Lítio se tornou um mineral com importância nas economias internacionais. Dizem que existem minerais radioactivos associados. Pois existem sim, nalguns casos, como existem quando se extrai o quartzo e os feldspatos nas respectivas pedreiras em alguns casos. Quando isso acontece, a empresa é obrigada a incorporar nos seus processos, uma qualquer forma de encaminhar esses minerais, na maioria das vezes vendendo-os à empresas que os usam. Tanto estes, como os minerais de Lítio, são processados em fábricas, e não propriamente ali no terreno em que se faz a extração, cumprindo, caso isto aconteça em países com regras restritas, ambientais e de segurança humana, e não no terceiro mundo, uma quantidade de condicionantes para garantir que efluentes líquidos e gasosos, bem como resíduos sólidos, são devidamente encaminhados e processados. Já lá vai o tempo, em que na Europa Ocidental, era possível deixar escombreiras toxicas a céu aberto a lixiviar para as ribeiras mais próximas, e lagunas de águas envenenadas a infiltrar para os aquíferos. Para produzir baterias de Lítio é preciso o referido Lítio, e esta coisa do "not in my back yard" tão típica dos Portugueses parece-me mal. Então sendo assim, mandamos isto para os países do terceiro mundo já que eles, assim como assim, já vivem mal e cheios de poluição, e permitimos que este tipo de produção seja feita sem qualquer controlo sobre os impactos ambientais e humanos, desde que não seja aqui por perto? (…)» Maria João Sacadura, in A polémica do contrato de Lítio - Postal.

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