domingo, 6 de outubro de 2019

Bico calado

  • Dezenas de pais de alunos da Escola Básica do Godinho, em Matosinhos, protestaram contra a instalação de contentores no espaço do recreio para acolher alunos da escola privada, Scholé, que se situa em frente. Em causa está a falta de licenciamento da Scholé para dar aulas aos alunos do primeiro ciclo já inscritos. JN. Mas que escola privada rasca é esta? Não tem instalações? Não tem terreno ou espaço privado, seu, para instalar os meninos? Terá enganado os encarregados de educação, aceitando inscrições e propinas sem lhes garantir o cumprimentos dos serviços contratualizados?
  • «A completa ausência de debates, discussões, posições sobre matérias internacionais na campanha eleitoral revela o carácter paroquial da nossa política. Revela também uma profunda inconsciência sobre o que se está a passar no mundo, que pode alterar todos os nossos planos e projectos nacionais de um dia para o outro. Porém, revela uma coisa ainda pior, a interiorização da completa impotência nacional para ter uma política externa que corresponda ao interesse nacional, e aos interesses comuns que partilhamos com os nossos aliados. Este desinteresse é acompanhado pela comunicação social, que, salvo raríssimas excepções, acha que falar destas coisas não interessa a ninguém, deita abaixo as audiências ou, pior ainda, sugere que é como dar pérolas a porcos, pela ignorância dos portugueses sobre a política internacional. É um círculo vicioso que se agrava cada vez mais e se torna mais preocupante, porque a situação internacional é cada dia mais perigosa.(…) Os nossos candidatos a primeiro-ministro e os partidos que os apoiam têm opiniões sobre o que se passa para além da nossa frágil fronteira? Logo aqui ao lado, o que vão dizer e fazer quando o Estado espanhol mandar os presos políticos catalães para longas penas de cadeia? E que opiniões têm sobre os planos de Boris Johnson para negociar o “Brexit”? Ou como vão tratar gente como Bolsonaro? Isto, num país que parece que só conhece um ditador no mundo, o obscuro Obiang da Guiné Equatorial. Ou como vamos responder às tarifas de Trump de produtos da União Europeia? Também vamos impor tarifas? Convém lembrar que em muitas destas matérias Portugal tem um voto na União. Não deveríamos saber como ele vai ser usado? O problema das paróquias não é quem lá vive, é quem lhe define as fronteiras, a identidade e a dignidade. A Dinamarca também é pequena, mas mandou Trump passear na sua proposta “absurda” de comprar a Gronelândia. Sem hesitações.» José Pacheco Pereira, in A mentalidade provinciana - Público 5out2019


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