O local proposto pela Câmara de Espinho para se instalar uma Estação de Transferência de Resíduos, entre a rua das Árvores e a dos Limites, em Silvalde, está a se contestada por empresários que receiam ver os seus investimentos desvalorizados.
«O problema é que a Lipor e a Câmara Municipal de Espinho querem instalar essa estação de transferência numa área que está a 100 metros de casas e mesmo junto a empresas que têm em curso investimentos muito grandes para os terrenos ao lado e não querem as suas novas unidades industriais coladas a um depósito de resíduos», afirmou o presidente da Junta de Silvalde, José Teixeira.
Antecipando «maus cheiros, barulho e camiões que vão andar sempre a sujar a rua toda com as suas entradas e saídas», o autarca afirma que «a câmara não pode pensar só no que vai poupar no transporte do lixo e tem que se lembrar das pessoas da freguesia, que estão muito descontentes».
Cristina Barbosa, da administração da empresa de tapeçarias Ferreira de Sá Rugs, inclui-se entre os críticos: "Comprámos ali dois terrenos e planeamos investir 2,5 milhões de euros para lá criar uma unidade que concentre a parte artesanal da nossa produção, mas não queremos estar ao lado de um depósito de lixo», acrescentando que uma Estação de Transferência de Resíduos naquela zona iria prejudicar a imagem do núcleo empresarial ali instalado.
O projeto é da Lipor e resulta da alteração legal que exige a criação de um espaço próprio para recolha e compactagem de lixo nos concelhos que se situem a mais de 25 Km dos centros de tratamento da Lipor em Gondomar e na Maia. O objetivo é concentrar o lixo recolhido no concelho num local onde possa ser compactado antes de ser enviado para triagem e valorização em Gondomar e na Maia, o que representaria uma poupança de cerca de 90 mil euros anuais apenas em deslocações.
Quirino de Jesus, vereador do Ambiente na Câmara de Espinho, admite que o projeto inicial foi delineado antes de a câmara ter conhecimento dos investimentos previstos por empresas de Silvalde, pelo que equaciona aranjar outra morada para a estação. «Demos 45 dias às empresas para formalizarem os seus projetos de investimento, com a apresentação de um Pedido de Informação Prévia e, caso isso se verifique, a câmara está disponível para vender o terreno que tem em Silvalde e, com essa verba, adquirir um que o substitua noutra localização", anunciou Quirino Jesus.
A Estação de Transferência de Resíduos está orçada em 960 mil euros, terá um prazo de execução de 6 meses, criando 4 postos de trabalho. DN 26fev2019.
Citada pela edição de 13 de março do semanário espinhense Maré Viva, Cristina Barbosa acusa a Câmara de ter prometido uma alternativa, «mas a verdade é que fizeram isto às escondidas de toda a gente. Acho tudo isto uma falta de consideração.»
A fazer fé nas declarações da empresária de que o processo foi conduzido «às escondidas de toda a gente», gostaríamos de perguntar:
- O que prevê o Plano Diretor Municipal?
- A Junta de Freguesia foi ouvida?
- A Associação Comercial e Industrial foi ouvida?
- O que terá a Câmara pretendido para ter escondido o processo?
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