terça-feira, 28 de agosto de 2018

Reflexão - Desenvolvimento e alterações climáticas


«(…) Tem uma formação científica, é geólogo. Há alterações climáticas?
Há e sempre houve. A tese dominante é que as alterações climáticas se estão a agravar e que são provocadas pelo homem. O que me parece é que estão a ser intensificadas pela acção humana e os seus efeitos afectam cada vez mais população devido à gestão capitalista. As soluções que o capitalismo está a apontar são embustes. Taxar o carbono é uma solução mais preocupada com a rentabilização de mercados e a penalização de países em vias de desenvolvimento. Eu não quero um mundo que não tenha CO2, mas que tenha pessoas que não tenham o que comer. Quero um mundo em que permitamos aos povos em desenvolvimento que se desenvolvam com os meios que tiverem, com sensibilidade ambiental cada vez maior. Acabámos com os seus recursos, explorámos a mão-de-obra deles, acabámos com os nossos recursos, poluímos com fartura, toda a poluição do mundo… bem agora a Índia e a China estão a afirmar-se como grandes poluidores, até hoje a Europa e os Estados Unidos eram os maiores.

O desenvolvimento justifica tudo?
Não, nem há desenvolvimento se houver destruição do globo. Há riscos em tudo o que fazemos, também estamos a entrar em embustes, estamos a trocar carros por carros eléctricos que provocam desequilíbrios no ambiente praticamente iguais. A extracção de lítio que estamos a fazer para ter essas baterias é terrível, devassa tudo e provoca uma poluição que só vamos conhecer dentro de 20 anos, quando as baterias estiverem obsoletas.(…)» 

Miguel Tiago, entrevistado por Nuno Ribeiro – Público 27ago2018.

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