terça-feira, 13 de março de 2018

Torres Novas: Ribeira da Boa Água sofre derrame de efluentes

Imagem captada aqui.
  • O domingo passado foi um dia negro para a Ribeira da Boa Água, em Torres Novas. As lagoas de retenção e tratamento de dejetos de suínos da exploração Ti António transbordaram para a Ribeira da Boa Água. O mesmo aconteceu com as lamas, resíduos e lexiviados da Componatura. «E são estas empresas detentoras da DIM atribuída pela Câmara Municipal», denunciam os ambientalistas da Almonda Limpo.
  • Na Cova, a sul da Figueira da Foz, o mar tem cavado a duna a seguir ao quinto molhe, aproximando-se das casas. O executivo camarário da Figueira da Foz diz estar pronto para intervir em caso de emergência. Recorde-se que a raia a sul da foz do Mondego foi alvo de obras de reforço das dunas em 2015. Para Eurico Gonçalves, da SOS Cabedelo, o prolongamento em 400 metros da barra norte do Porto da Figueira da Foz, concluído em 2011, veio aumentar a retenção de sedimentos nesse ponto e contribuir para a erosão a sul. Para Miguel Figueira, arquiteto e ambientalista, a colocação de um enrocamento traria impactos negativos a vários níveis, nomeadamente no canhão da Nazaré e no turismo gerado pela sua onda. «Não me canso de repetir que estamos ao lado de um dos maiores depósitos sedimentares do país.» Refere-se à praia da Claridade, a norte da foz do Mondego. A utilização desses sedimentos traria vários benefícios: para além de ajudar a resolver a questão da erosão a sul, aproximaria a praia da cidade.  Um sistema mecânico de transposição de areias é defendido pela SOS Cabedelo.

1 comentário:

OLima disse...

APA confirmou que vai averiguar a alegada descarga de dejetos e escorrências de aterro de uma suinicultura para a Ribeira da Boa Água em Torres Novas. A investigação surge na sequência de uma denúncia apresentada pela Fabrióleo, uma das empresas e a principal acusada de poluir esta Ribeira e que recebeu ordem de encerramento, ainda em processo de contestação.

A Fabrióleo emitiu um comunicado a referir que detetou, na tarde de domingo, “uma descarga ilegal de água suja, com espuma e com um cheiro intenso a dejetos de porco” e que recebeu “imagens mostrando uma grande quantidade de efluente de pecuária/lixiviados a correrem” de uma pecuária, bem como de “resíduos/lamas/lixiviados a correrem” de uma empresa de compostagem.

O gabinete do ministro do Ambiente afirma que a APA recebeu uma denúncia apenas referente à empresa de compostagem, a Componatura, “a qual já havia sido notificada para construção de cobertura dos sedimentos de armazenamento de lamas para valorização agrícola dos solos”, o que cumpriu. “Depois das chuvadas dos últimos dias, uma equipa da APA vai ao terreno averiguar se houve escorrências para a linha de água. Temos já informação de que pode ter havido um aluimento de solos”, adianta a fonte do Ministério.

A mesma fonte afirma que na informação recebida da Fabrióleo “nada é mencionado sobre “uma descarga ilegal de água suja, com espuma e com um cheiro intenso a dejetos de porco a ser realizada diretamente para a Ribeira da Boa Água”, e que, segundo a Fabrióleo, terá acontecido na zona de Gateiras de Santo António, “junto à pecuária Ti António”. Esta “versão” da descarga foi também difundida pela página de Facebook “Almonda Limpo”, um canal de comunicação que o movimento Basta, conhecido pela defesa do rio Almonda, vem acusar de ser uma página criada pela própria Fabrióleo para fazer denúncias de outras empresas.

Apesar de, na ótica da APA, a Componatura ter cumprido o que lhe foi determinado, a agência do ambiente “vai efetuar uma fiscalização ao conjunto dos locais mencionados”. A Fabrióleo diz ter comunicado estas descargas às autoridades e de ter enviado “imagens que mostram resíduos/lamas/lixiviados a correrem da empresa Componatura”. Estas imagens são aliás reproduzidas pela página “Almonda Limpo” e que aqui mostramos conforme a mesma página as reproduz.

Os proprietários das empresas Componatura e pecuária “Ti António” negam a acusação, tendo a Componatura declarado que, com as fortes chuvadas, houve um aluimento de composto orgânico que estava ao ar livre, “situação que não tem implicações ambientais, por se tratar de um composto para a agricultura”, tendo o incidente sido reportado às entidades competentes, como impõe a lei. “A questão ambiental não se coloca porque as lamas, para valorização agrícola dos solos, são rececionadas e armazenadas numa zona coberta, onde são tratadas e, depois de estabilizadas, são transferidas”, disse Luís João, engenheiro da empresa, responsável pela área de resíduos. O proprietário da pecuária Ti António disse que a acusação feita pela Fabrióleo “é uma calúnia, não tem o mínimo fundamento, e pode pôr em causa o bom nome e o trabalho” desenvolvido pela empresa “ao longo de uma vida”. António Lopes Gameiro, da pecuária, afirmou que as últimas chuvadas fizeram transbordar “uma pequena represa que recebe as águas das ribeiras e de escorrências várias”, que, apesar da “cor de terra e de argila”, é “só água”, nada tendo a ver com a estação de tratamento de águas residuais da pecuária, “que trabalha segundo todas as normas ambientais”.

A Fabrióleo aguarda a decisão final do IAPMEI sobre o encerramento da exploração desta unidade industrial tomada na sequência de uma vistoria realizada à empresa no passado dia 23 de Janeiro. A empresa exerceu o contraditório aguarda o fim do prazo para se pronunciarem todas as entidades competentes nesta matéria, cabendo a decisão final ao IAPMEI.
http://www.oribatejo.pt/2018/03/12/fabrioleo-denuncia-alegadas-descargas-ilegais-na-ribeira-da-boa-agua/