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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Bico calado

Foto de Dibyangshu Sarkar/AFP/Getty Images
  • «A cobertura da tragédia de Pedrógão mostrou uma vez mais o melhor e o pior do jornalismo. Muitos escreveram já sobre a exploração feita pelas televisões repetindo exaustivamente as imagens da dor e da devastação,  os repórteres exaustos nos locais do fogo, eles também vítimas da voragem das audiências, a entrevistarem sobreviventes acabados de perder filhos, companheiros, amigos. As palavras estavam gastas mas eles, os repórteres no terreno, não podiam parar de perguntar, estavam lá para isso porque os “directos” são assim, tudo serve para encher o tempo … E como se não bastasse a desgraça das vítimas do fogo também o jornalismo viveu momentos debaixo de fogo com a notícia da “queda”  de um canadair que não caíu  e que por não ter caído, como foi noticiado, deixou desiludidos e revoltados os repórteres que esperavam que o canadair tivesse mesmo caído. Mas não se ficou por aqui o mau momento do jornalismo: o diário espanhol El Mundo deu guarida a um jornalista-fantasma de nome “sebastião pereira” que viu no fogo de Pedrógão  o diabo que havia de destruir o governo de António Costa. Os jornais portugueses que deram eco às notícias do El Mundo  nem duvidaram do estilo de um “sebastião” que ninguém conhecia nem ouvira falar, nem o seu “colega” do El Mundo correspondente em Lisboa. (…) O jornalismo foi também uma vítima do fogo de Pedrógão. Não “ardeu” completamente porque também houve muito bom jornalismo em reportagens serenas, sobretudo na imprensa, e em imagens marcantes que não precisam de palavras para nos fazer sentir a dor e o desespero dos que perderam tudo. Mas o jornalismo saíu  “chamuscado” e não apenas por culpa do canadair que não caíu ou do sebastião que não existiu. Felizmente, o bom jornalismo sobreviveu!» Estrela Serrano in Do fogo de Pedrógão o jornalismo também saíu chamuscado.
  • Mata-bicho de 27jun2017: Do Diabo aos suicidas – in Antena1.

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