terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Reflexão – Hanford: das armas nucleares ao lixo nuclear, com fugas pelo meio


Era uma vez uma central para fabricar armas nucleares. Hanford foi construída em 1943, junto ao rio Columbia. Tudo sob a maior secretismo, uma vez que fazia parte do Projeto Manhattan de produção de plutónio para armas nucleares. Para tal expulsaram os índios das suas terras e deslocalizaram-nos para White Buffs. Hanford poduziu imensas bombas nucleares antes de ser desativada. Mas também produziu imenso lixo nuclear.
Agora, a descontaminação da central nuclear de Hanford, no estado de Washington, vai durar 70 anos e custar 110 biliões de dólares. Dezenas de anos de laboração produziram enormes quantidades de resíduos nucleares, guardados em tanques e bidões. A partir de certa altura, começaram a registar-se elevados níveis de radiações e fugas de lamas radiotivas que se terão infiltrado no solo e deslizado para o rio Columbia. Todos os alertas foram, durante muitos meses, menosprezadas, omitidos e escondidos pela operadora responsável, aliás com a conivência de técnicos e funcionários do Departamento de Energia, e os problemas foram disfarçados num relatório que responsabilizava a chuva pelas ocorrências registadas. Tudo para receberem bónus pela alegada eficiência técnica e financeira: em apenas um ano, a operadora recebeu 23 milhões de dólares pelos «bons serviços prestados». O cenário torna-se pior quando se vê os executivos das operadoras de centrais nucleares saírem com os bónus apesar dos problemas de segurança e transporem a porta giratória que os conduz, por exemplo ao Departamento de Energia. O inspetor do Departamento de Energia de hoje torna-se amanhã executivo, depois de se aposentar. Por isso, não há estímulo para o Departamento de Energia acabar com estes bónus aos executivos. 


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