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«(…) Devido a esses contratos (alguns assinados pelo governo PSD-CDS duas semanas antes das eleições de Outubro de 2015) o ambiente do Algarve e do país vão ser destruídos, a economia nacional e a qualidade de vida das populações vão ser postas em causa. Em nome da ganância de meia dúzia de grandes empresas. Permitir que esses contratos prossigam não é um erro. É um crime. Um crime de tais proporções que admira como é que pessoas com um mínimo de decência e de sentido de justiça possam defender a sua prática. É um crime contra as pessoas, contra a paisagem e contra o planeta. A exploração dos combustíveis fósseis é contra todas as coisas vivas e só tem um móbil: produzir dinheiro, muito e depressa, para um número limitado de milionários. A exploração de combustíveis fósseis não faz sentido por razões globais. O planeta está a sufocar devido ao excesso de carbono que lançamos na atmosfera, o clima está a mudar de uma forma que ameaça a produção de alimentos e o acesso a água doce, todos os anos desaparecem mais de 2.000 espécies animais e vegetais, as secas estão a aumentar de intensidade matando 4.000 crianças por dia, as tempestades estão a aumentar de intensidade. (…)A exploração de combustíveis fósseis não faz sentido por razões nacionais e locais porque, mesmo que ela gerasse rendimento financeiro no curto prazo (e não gera, os rendimentos prometidos são insignificantes), iria destruir muito mais rendimento do que aquele que criaria, ao destruir a paisagem e o turismo, ao destruir a qualidade de vida e a saúde das populações, ao destruir a agricultura e os recursos aquíferos. A exploração de combustíveis fósseis não faz sentido porque não só a queima de combustíveis fósseis constitui um risco existencial, como a sua exploração destrói o ambiente. Não há prospecção limpa, não há exploração limpa. O que podemos fazer? Tudo. Precisamos de fazer ouvir a nossa voz de cidadãos. Precisamos de fazer o governo compreender que deve suspender todos os contratos de exploração de petróleo e gás e relançar um sério investimento em energias renováveis, na melhoria da eficiência energética, nos transportes eleéctricos, na ferrovia, na qualidade do ambiente. Um programa nacional que mobilize toda a população e todos os recursos e que seja um exemplo mundial. Precisamos de deixar claro que esse é o mundo que queremos e que não vendemos o futuro dos nossos filhos por um prato de lentilhas. (…) Acham que somos fracos para combater os gigantes do petróleo? Enganam-se. Só somos fracos quando ficamos calados e quietos. Para ganhar esta batalha basta querer. A alternativa é ficar a olhar enquanto cavam a nossa sepultura. Há melhores maneiras de passar o verão.»
José Vitor Malheiros in O maior desafio que alguma vez tivemos de enfrentar – Público 26jul2016.
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