sábado, 28 de fevereiro de 2015

Bico calado

  • Parte do cérebro de Zeinal Bava que guardava as memórias foi emprestada ao grupo Espírito Santo e pode estar perdida para sempre.
  • «A Horta tinha finalmente assumido a sua vocação de capital do turismo, abandonando a agricultura, antiquada e inútil depois de terem terminado os subsídios europeus, conservando-se apenas algumas vacas para os turistas fotografarem. Da mesma forma, o antigo porto de pescas fora encerrado, até porque há muito que não se encontrava qualquer peixe à volta das ilhas e fora reconvertido na grande central de aquacultura de perca-do-Nilo-dos-Açores. Os pescadores, esses, dedicavam-se agora a fazer passeios turísticos e a posar para as fotos. A cidade crescia a olhos vistos, com as carradas de gente que os voos low-cost despejavam no recentemente inaugurado aeroporto internacional das Dutras. A autoestrada marginal desembocava numa rotunda à sombra da estátua, de dezenas de metros de altura, do Presidente da Câmara que em tempos antigos, nos inícios do século XXI, teve a visão de modernizar a nossa cidade. À direita, onde em tempos se erguia um velho terminal marítimo, um fluxo continuo de automóveis saia da ponte Vasco Cordeiro, que atravessava o canal, unindo Horta e Madalena, uma imponente realização da engenharia açoriana que, apesar dos cinquenta anos de atraso na obra e dos colapsos ocasionais, era o orgulho das duas ilhas.» Tiago Redondo in Horta, século XIII.
  • «O deputado Paulo Mota Pinto preside ao Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informação (as Secretas)... apesar de ser homem de confiança da filha do presidente angolano. Mota Pinto é mesmo o presidente do Conselho Fiscal da Zon Optimus, a operadora de Isabel dos Santos. No Parlamento, não parecem importar-se com estas promiscuidades. Só falta mesmo nomear Paulo Mota Pinto para fiscal... das incompatibilidades.» Paulo Morais.

1 comentário:

OLima disse...

«O ex-líder da PT foi responder aos deputados para se tentar safar talvez da única forma possível: fazer um papel de tonto que ele não é nem nunca foi, esperando que todos os que o ouviram sejam tontos o suficiente para acreditarem na sua narrativa. Foi lá dizer que o gestor vencedor de prémios dos últimos anos era, afinal, uma construção de papel, uma ilusão que nunca teve existência real. Foi lá tentar convencer os deputados e o país que era, afinal, um incompentente a quem tinham escapado 900 milhões de euros. Ou, pelo menos, um amador, como certeiramente disse a deputada Mariana Mortágua. (...) Entre os deputados desta comissão destaca-se justamente Mariana Mortágua. Estudou profundamente assuntos que são muito complexos, tem sido implacável nas questões sem entrar no terreno fácil da demagogia nem perder a preciosa honestidade intelectual. É suposto que os deputados sejam também porta-vozes dos cidadãos que não podem sentar-se à volta daquela mesa para questionar directamente os inquiridos. Nesse sentido, eu sinto-me ali representado pela deputada do Bloco de Esquerda. E muitos jornalistas deviam aprender como se faz.»

Paulo Ferreira in O estranho caso do super gestor que perdeu a memória, Observador 27fev2015.
http://observador.pt/opiniao/o-estranho-caso-do-super-gestor-que-perdeu-a-memoria/