“E mais ainda, tanto faz que os esporões estejam dispostos perpendicularmente à costa, com a extremidade encurvada para barlamar ou com a extremidade encurvada para sotamar. Os resultados estão a vista e são sempre os mesmos. Efectivamente, o que se constata por todo o litoral norte-Centro de Portugal é que este modelo de tentativa de ‘proteção maciça’ da frente oceânica, com esporões, molhes, paredões e enrocamentos foi provocando uma forte degradação das estruturas naturais e o incremento da erosão costeira no litoral português. (...)
Pese embora a possibilidade de várias das obras pesadas existentes não corresponderem às melhores concepções técnicas, a verdade é que os esporões e os molhes construídos sobre a linha de costa dão sempre uma contribuição decisiva para o processo erosivo, ao reduzirem a carga sedimentar que é transponada pela corrente de deriva (predominante de norte para sul a maior parte do ano na costa ocidental portuguesa). Desta forma esta corrente de deriva litoral ao tender para a saturação vai buscar as areias em falta às praias e às dunas promovendo o avanço inexorável da frente de erosão para sectores localizados cada vez mais para sul."
A Praia dos Tubarões, por Álvaro Reis, 2006, p192
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