“Para estes acérrimos defensores da proteção rochosa da costa, a adopção da estrutura ‘esporão’ ainda se justifica na actualidade, quanto mais não seja porque confere o benefício da dúvida sobre o pressuposto de que após a saturação com areias na face de barlamar do mesmo, os sedimentos deslocar-se-ão para sotamar repondo o equilíbrio sedimentar as áreas erodidas.
Nada mais falso!
Nada mais falso para quem costuma ir até à praia, não somente naqueles soalheiros fins-de-semana ou em busca dos primeiros raios de sol primaveril.
Nada mais falso para quem não se desloca a praia unicamente para inaugurações de monumentos de gosto duvidoso, para o hastear de bandeiras azuis ou quando por lá
aparece a televisão.
Efectivamente, nao se revelam de assimilação facil os tais pressupostos da engenharia, para quem tem vindo a olhar o litoral desde há varios anos de forma insistente, regular e com a angústia de observar este ecossistema a desaparecer à medida que o tempo passa.
Mesmo perante uma eventual saturação dos esporões em determinados momentos favoráveis do ano, não são manifestas as pretensas melhorias nos sectores a sotamar dos mesmos.”
A Praia dos Tubarões, por Álvaro Reis, 2006, p191
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