segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Crónica de uma invasão anunciada


Estavam mais do que previstas situações como as que aconteceram na madrugada de 2 de fevereiro. O mar, mais uma vez, galgou a terra no Furadouro, causando muitos mais prejuízos do que os registados em 1979.  
O presidente da câmara, Salvador Malheiro, já veio exigir obras de requalificação da avenida do Furadouro. Isto é, veio exigir dinheiros públicos para se cometer o mesmo tipo de erros do passado. Mais betão, mais pedras para aumentar a envergadura do enrocamento e do paredão só servirão para dar alguma, curta, ilusão a patos bravos que querem, com o beneplácito das autoridades locais, a todo o custo, construir em cima de dunas, quase em cima do mar, porque, infelizmente, ainda há muito boa gente que pensa que a qualidade de vida é diretamente proporcional à proximidade do mar. O senhor autarca não diz nada acerca da preservação e defesa das dunas a norte do Furadouro. Essa seria uma medida séria para ajudar a conter as investidas do mar. Outra medida seria travar o apetite das imobiliárias de construirem em cima das dunas, quase em cima do mar. Salvador Malheiro só quer uma requalificação de fundo da avenida marginal do Furadouro alegando que é uma obra que ficará muito mais barata do que realojar pessoas ou impedir a construção junto do mar. 
Entretanto, este proprietário de café-restaurante diz que em 1979 o mar também galgou o Furadouro, tendo causado imensos estragados, embora não tão grandes como os deste ano. E diz mais: que, entre 1979 e 2014, houve muitos galgamentos, embora de pouca gravidade. 
Portanto, os avisos têm sido mais que muitos. É, por isso, lamentável que os autarcas persistem em repetir os mesmos erros do passado que apenas servem para derreter o erário público, não resolvendo o verdadeiro problema.

A propósito desta ocorrência, o Ambiente Ondas3 inicia a publicação de excertos de A praia dos Tubarões, ordenamento e gestão da orla costeira, livro publicado por Álvaro Reis em 2006. Espera-se que a sua (re)leitura contribua para um melhor esclarecimento do que realmente está em causa na orla costeira vareira.

1 comentário:

OLima disse...

A deputada do PCP ao Parlamento Europeu, Inês Zuber, acompanhada de uma delegação da comissão concelhia de Ovar, constatou os estragos das últimas semanas em torno da orla costeira do concelho de Ovar, em particular, em Cortegaça e Furadouro.

"Os avultados danos provocados, exigem uma resposta urgente das autoridades competentes, mas uma resposta integrada, ou seja, uma intervenção que impeça ou diminua os riscos para a população, que não se limite a arranjar o foi destruído, mas que, no essencial, consista em impedir a repetição dos danos, ano após ano".

Uma solução que equacione toda a zona litoral afectada e não só uma praia ou concelho e, sobretudo, que envolva a população e as autoridades locais.

O PCP garante que "também no plano institucional, não deixará de intervir e exigir os meios necessários à resolução deste problema".
http://www.ovarnews.pt/?noticia=pcp-deputada-do-parlamento-europeu-no-furadouro&utm_source=twitterfeed&utm_medium=facebook&utm_campaign=OvarNews