Bono não pode ajudar os africanos roubando-lhes a voz, isto é, os pobres não são convidados para dizer de sua justiça porque Bono e outros como ele são vistos como seus representantes, escreve George Monbiot no Guardian de 17 de junho.
Pontos a reter:
(1) A cimeira do G8 parece estar a branquear as suas políticas em África. A Nova Aliança para a Segurança Alimentar e Nutricional está a levar países africanos a fazer acordos com empresas estrangeiras, nomeadamente com a Monsanto, a Cargill, a Dupont, a Syngenta, a Nestlé e a Unilever, com o objetivo de ficarem com as suas terras, patentearem as suas sementes e monopolizarem os seus mercados de alimentos, em troca de promessas de ajuda por parte das nações do G8.
(2) Esta Nova Aliança é defendida por Bono, e pela campanha ONE, co-fundadada por ele. O problema é que a ONE é subsidiada pela Bill and Melinda Gates Foundation, uma fundação que tem trabalhado com a fabricante de transgénicos Monsanto e com a gigante Cargill.
(3) Bono é um misto de missionário tradicional e colonialismo comercial, no qual o mundo dos pobres existe como tarefa para ser completada pelo mundo dos ricos. Ele tornou-se a face solidária da tecnocracia mundial, que, sem qualquer tipo de mandato, se assumiu como porta-voz de África e depois usou esse papel para dar uma cobertura humanitária a lideres ocidentais.
(4) Bono e outros como ele, como a ONE, ocuparam o espaço político que deveria ter sido ocupado pelos africanos de quem eles tanto falam. A ONE garante que trabalha a favor dos pobres, mas o seu conselho de administração é ocupado por milionários, aristocratas e executivos americanos, como Condoleezza Rice, conselheira de Bush que promoveu a guerra do Iraque e instruiu a CIA para aplicar técnicas de tortura, como Larry Summers, o economista chefe do Banco Mundial e secretário do Tesouro dos EUA que ajudou a desregular e a liberalizar Wall Street, ou como Howard Buffett, membro dos conselhos de administração de Coca-Cola, da ConAgra e da Agro Tech. Embora o objetivo principal da ONE seja África, o seu conselho de administração tem apenas dois membros africanos: um é um barão dos telemóveis e o outro é o minsitro das Finanças da Nigéria, antigo diretor do Banco mundial.
1 comentário:
Esta posta mereceu a devida referÊncia no Maré Cinza de 20 de junho http://marecinza.blogspot.pt/2013/06/o-papel-das-estrelas-promovidas-pelos.html
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