quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Exploram a natureza e não pagam nada?

Foto: OLima, Dezembro 2008 - Paramos, a norte da capela de S. João.

  • "Portugal e a Europa não podem voltar a entregar dinheiro aos abusadores, como fizeram após o temporal 20 de Fevereiro de 2010. O Ministério Público, de uma vez por todas, terá de apurar as responsabilidades da natureza e dos abusadores, alerta Raimundo Quintal, geógrafo e a principal voz ambientalista da Madeira, que, perante tanta perfuração, tantos cursos de água tapados e estrangulados, tantas vertentes rasgadas, tantos aterros descontrolados, responsabiliza o governo regional de João Jardim pelas consequências dos temporais que têm assolado a região nos últimos dias. DN.
  • Natureza de betão e compressor, por Ricardo Duarte Freitas, in DNotícias da Madeira: "A avaliar pela forma como a natureza é tratada, a betão e compressor, a Madeira parece viver em plena idade média do antropocentrismo. É lamentável e paradoxal que, num arquipélago tão vulnerável aos riscos de deslizamentos e de enxurradas, prevaleça aquela ideia de que o ser humano é uma entidade transcendente que molda a natureza como plasticina, servindo-se dela, sem margem para recuos. Não espanta que este pensamento, moderno só de nome, tenha nascido no seio da política e engordado com o capitalismo que vende ao mundo uma perspectiva enviesada de progresso. Tratamos o mar e o litoral como caixotes de lixo, a natureza como mercadoria e as ribeiras como matéria-prima pronta para ser transformada, a pretexto da protecção civil, do desenvolvimento, do progresso. Não se medem as consequências das alterações que se imprimem na paisagem ou como ocupamos o território desenfreadamente. É tudo feito a favor de um perigoso bem-estar das populações, num deixa andar que rende votos.  Quando acontecem as desgraças, o fenómeno é natural, tão natural quanto o desenvolvimento é sustentável. Diz-se que os efeitos não podiam ser minorados, que tudo foi feito para prevenir. A culpa é, portanto, estrangeira. A responsabilidade é daquela reles massa de ar quente que resolveu descarregar por aqui um elevado volume de água precipitável. Pode ser influência do Il Niño, das alterações climáticas, do degelo, das condições meteorológicas adversas. Do que quiser. É um castigo divino ou, simplesmente, um fenómeno natural agravado pela orografia acentuada que o Senhor nos deparou. Só não é de quem governa. E porque o mestre do desenvolvimento sustentável não manda no tempo, está inocente, percebeu? Ainda está para nascer o homem que levará São Pedro a julgamento. Mas cá na ilha, não faltam dedos a apontar no sentido dos céus e vozes que se apressam a constituir como arguido o tempo, sacudindo a água do capote de quem, abrigado das chuvas, continua a alimentar a fantasia de entidade detentora de um poder sobrenatural sobre todas as coisas, visíveis e invisíveis. Depois de ouvir o Ministério Público concluir que todas as mortes causadas pelas enxurradas de 20 de Fevereiro de 2010 resultaram de "causa natural" e que a investigação não encontrou indícios que permitam imputar a morte de qualquer das 48 vítimas a acto humano, voluntário ou meramente negligente, percebi que a Justiça está realmente cega. Cega sem venda."
  • Até 2040 as praias junto de Aveiro, entre Esmoriz e Furadouro e entre Vagueira e Mira , poderão perder até cerca de três metros por ano, sendo quase certo que a ria terá uma segunda ligação ao mar, a sul de Labrego, mostra um modelo matemático aperfeiçoado por Carlos Coelho, investigador do Departamento de Engenharia da Universidade de Aveiro. PúblicoOs resultados desta investigação estão relacionados com os estudos levados a cabo por Cristina Segurado Silva/Maria José Granjo e Carla Alexandra Santos Pereira publicados, respetivamente em 2006 e em 2010.  A propósito, valerá a pena reler A Praia dos Tubarões - ordenamento e gestão da orla costeira, de Álvaro Reis, 2006.

Sem comentários: