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terça-feira, 14 de outubro de 2025

BICO CALADO

Cartoon de ioO, para Les Echos.
  • “Então, recapitulemos: é verdade que o primeiro-ministro garantiu que Portugal não aceitaria a passagem de armas para Israel, mas caças F-35 não são armas, esclareceu ele, são brinquedos, daqueles que um ex-embaixador americano em Lisboa dizia que os nossos chefes militares tanto gostam e com os quais nos preparamos para ir gastar — segurem-se — 5 mil milhões de euros. É verdade que, por denúncia unilateral dos Estados Unidos, as Lajes deixaram de estar concessionadas a uma base aérea americana permanente, mas isso não impede que possa ser livremente utilizada por eles, sem contrapartidas e sempre que lhes convier — como para ajudar o amigo israelita, tal como em 1967 ou em 1973. Também é verdade que, apenas por uma questão de manter as aparências sobre a nossa soberania, os americanos estão vinculados a pedir autorização de sobrevoo e aterragem previamente, mas, como se viu no caso, nem é necessário que recebam uma resposta formal: basta que não haja resposta breve e está concedida a autorização por “deferimento tácito”, como sucede com um banal acto administrativo. É ainda verdade que estes factos, revelados por um jornal espanhol, ocasionaram uma imensa trapalhada no Governo, com a Defesa e os Negócios Estrangeiros a empurrarem culpas um para o outro e o PM a desabafar que não percebia tanta histeria sobre o assunto. De facto, tudo visto e apurado, o Governo limitou-se a dar cumprimento a uma tradição imutável da nossa política externa — a subserviência perante os Estados Unidos, Israel e Angola, por esta ordem —, especialmente marcante quando está em funções um Governo de direita (lembrem-se da Cimeira das Lajes e de Durão Barroso a dizer que tinha visto provas indesmentíveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque). Como toda a gente percebeu, o CDS já não existe: estava morto e não sabia, como escreveu Cesare Pavese no “Ofício de Viver”. Aquilo que Luís Montenegro generosamente fez nem foi a impossível ressurreição de um cadáver, mas apenas dar uma oportunidade de emprego a Nuno Melo e a três amigos seus, depois de anos sem fim no bem-bom de Bruxelas. Mas, volta e meia, Nuno Melo empertiga-se, Paulo Núncio estrebucha na sua inconsciência gravatal e a gente do CDS que resta nas televisões lança umas atordoadas para cima da mesa, para ver se os distinguem do Chega. Ultimamente, o tema é quase sempre Israel, de cujos crimes o CDS e a nossa extrema-direita são acérrimos defensores, em nome, pasme-se, da civilização e dos valores cristãos. Com a história da flotilha para Gaza, Nuno Melo derreteu-se de prazer, esquecendo-se de que é membro menor de um Governo, que não lhe cabe a política externa desse Governo e que nele se representa apenas a si mesmo e não a um partido inexistente. Resultado: um chorrilho de disparates. Dizer que os integrantes da missão eram apoiantes dos terroristas do Hamas, como se os 2,2 milhões de palestinianos de Gaza fossem todos do Hamas, é típico do discurso propagandístico de Israel. E dizer que eles iam em direcção a um “território ocupado por terroristas” até está certo, embora seja o oposto do que quis dizer: Gaza é, de facto, um território ocupado, e ocupado por quem já matou 67 mil dos seus habitantes, ao serviço do Governo terrorista de Benjamin Netanyahu. Porque é que ele não se informa? (…)” Miguel Sousa Tavares, Voando sobre uma terra de cucos – Expresso 10out2025.
  • O medo não vai ter tudo. Miguel Carvalho, TSF.
  • ‘O Chega empurrou 57 deputados para estas autárquicas, quase toda a sua bancada parlamentar, incluindo três das principais figuras do partido. Feitas as contas 97.4% dos municípios não confiaram no Chega para gerir uma câmara municipal. Por que razão há quem ache uma boa ideia confiar-lhes o governo de um país?’ Via Fátima S R Cirne.
  • A ligação do milhão de libras de Boris Johnson: uma fuga de documentos revela laços estreitos entre o ex-primeiro-ministro britânico e um investidor em armas, o doador bilionário Christopher Harborne, por trás da sua viagem à Ucrânia. Fonte.
  • Dois parlamentares israelitas foram expulsos do parlamento por exibirem cartazes pedindo que Donald Trump reconhecesse a Palestina. Ayman Odeh e Ofer Cassif, do partido antiguerra Hadash-Ta'al, foram removidos à força perante vaias de outros membros do Knesset. Trump ironizou dizendo que a expulsão foi "muito eficiente". A grande maioria dos parlamentares israelitas apoiou a guerra de Benjamin Netanyahu, com Odeh e Cassif entre as poucas vozes dissidentes. 
  • A ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Samantha Power, coordenou secretamente com um alto diplomata israelita para garantir o acesso de Israel a vários comités de prestígio da ONU. Fonte.
  • Da IA ao TikTok e à TV, este bilionário pró-Israel está a expandir o seu poder nos EUA. Um dos conselheiros de Trump chegou a chamar o megamilionário Larry Ellison de «presidente-sombra dos Estados Unidos». Derek Seidman, Truthout.
  • Depois de roubar os contribuintes da UE, Zelensky recorre à chantagem para entrar na UE. Christina Macpherson, Nuclear News.

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