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terça-feira, 12 de agosto de 2025

LEITURAS MARGINAIS

COMEÇOU A GRANDE LAVAGEM MORAL
por Jessica, Substack.


“(…) Um grande estudo concluiu que, quando 25% de uma sociedade adopta uma determinada crença, consegue normalmente persuadir a maioria. Hoje em dia, parece que muitas das grandes vozes esperam até que uma determinada crença moral atinja esse limiar, para depois a adotarem finalmente. Fingem que sempre foi a sua posição. Ficam com os louros todos. Infelizmente, há muitos problemas com que estamos a lidar que não chegam a esse ponto de viragem. Poderiam precisar de um impulso dessas vozes maiores, mas o impulso maior não está a chegar. Se adotarmos uma posição moral impopular demasiado cedo, ou defendermos uma que está fora de moda, cometemos a transgressão imperdoável de dizer a todos os outros que eles são uma espécie de má pessoa. Eles não se juntarão a si. Atacam-no. (…)

Neste momento, estou a ler sobre Omar El Akkad, e estas palavras sobressaem: "quando estamos em segurança, a nossa empatia é muitas vezes performativa... é mais conveniente estar contra o mal depois de ele ter acabado". Estamos a assistir em tempo real a uma sociedade que atinge um ponto de viragem e vemos os principais media e os políticos a alterarem as suas posições, agindo como se estivessem sempre do lado certo.

Se 75% das pessoas estão sempre à espera de ver qual a posição moral a tomar, isso explica em grande parte a confusão em que nos encontramos.

O que é que acontece quando alguém se apercebe que fez algo de errado? Tenta corrigir o erro? Não exatamente. Fazem tudo para recuperar a sua autoimagem moral. Por vezes, pedem desculpa. Outras vezes, racionalizam. Justificam. Culpam as vítimas. Apresentam-se como heróis que estão a fazer algo para um bem maior, ou agem como vítimas incompreendidas. De acordo com alguns estudos, encontram as formas menos exigentes de restaurar a sua autoimagem moral. Podem expressar a intenção de fazer algo ou envolver-se em rituais superficiais.

Uma pessoa pode até restaurar a sua autoimagem moral recordando a boa pessoa que é. Por exemplo, um estudo descobriu que alguém que escreve uma história lisonjeira sobre si próprio doará um quinto do que alguém que escreve uma reflexão mais honesta sobre as suas ações passadas. Quando se compreende tudo isto, começa-se a perceber porque é que há tanta energia na moralidade performativa, o paleio sobre ser uma boa pessoa que raramente é apoiada por ações reais. É a chamada lavagem moral.

Este é o termo que os psicólogos usam para descrever todo o comportamento que visa restaurar a autoimagem moral de alguém. Talvez você tenha estado a assistir a tudo isto e não sabia bem o que pensar. Bem, estes estudos ajudam-no.

Estamos a assistir a uma grande lavagem moral. Vai incluir muitos dos grandes jornais, muitas das grandes celebridades e, eventualmente, muitos dos grandes políticos. Muitas pessoas passaram os últimos anos a fugir às suas responsabilidades morais e agora estão à procura de formas de lavar as nódoas. Estão à procura de posições a adotar e de posições a tomar. Vão gritá-las por cima das cascatas. (…) Não é preciso falar alto para ter razão ou ser bom.”

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