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quinta-feira, 24 de julho de 2025

LEITURAS MARGINAIS

HIPOCRISIA: OS EUA DESIGNAM CUBA COMO "PATROCINADORA DO TERRORISMO" AO MESMO TEMPO QUE APOIAM ATAQUES TERRORISTAS
W. T. Whitney, Jr., People’s World.


"O que é paradoxal e cínico em tudo isto é que o governo dos EUA considere Cuba como patrocinadora do terrorismo e inclua Cuba numa lista arbitrária e unilateral... quando qualquer observador astuto e imparcial sabe que governo é que realmente estimula, apoia e tolera o terrorismo e que país é que enfrenta e luta contra o terrorismo, sendo vítima deste flagelo há mais de 60 anos".

Estas foram as palavras de Josefina Vidal, vice-ministra do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cuba, durante uma conferência de imprensa motivada pela publicação pelo seu governo de um relatório sobre os ataques terroristas dos EUA contra Cuba. O relatório foi publicado no "Diário Oficial" de Cuba, que é o meio pelo qual o governo cubano comunica a legislação, os regulamentos e os decretos.

O relatório representa a resposta de Cuba à Resolução 1373 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Aprovada em 28 de setembro de 2001, a pedido do governo dos EUA, a resolução coincidiu com o início da chamada "guerra contra o terrorismo" pelos EUA após os ataques terroristas de 11 de setembro. A Resolução 1373 exige que os Estados tomem "as medidas necessárias para impedir a prática de atos terroristas" e apresentem um relatório às Nações Unidas "sobre as medidas tomadas para implementar esta resolução". Cuba apresentou um relatório anterior em dezembro de 2023.

A transcrição da conferência de imprensa mostra a Vice-Ministra Vidal a criticar "a inação das autoridades norte-americanas [em relação aos ataques terroristas contra Cuba], apesar de Cuba oferecer cooperação e aplicar e cumprir a lei". Refere que a embaixada de Cuba em Washington foi alvo de um indivíduo que disparou vários tiros de uma espingarda de assalto em 2020 e que outra pessoa atirou dois cocktails Molotov nessa direção em 2023. (...)

O recente relatório de Cuba consiste numa lista de 62 indivíduos e noutra de 20 organizações. Entre os crimes cometidos pelos citados estão: recrutamento de terroristas; fornecimento de armas, explosivos e fundos aos criminosos; realização de ataques destrutivos contra infra-estruturas, instalações turísticas e serviços de transporte; e ferimentos ou assassinatos de cidadãos.

Todas as pessoas citadas no relatório, com exceção de 10, vivem nos EUA. Dos que estão fora dos EUA, um vive na Bélgica, outro na República Dominicana e os restantes presumivelmente em Cuba.

Outro dos oradores, o Coronel Víctor Álvarez Valle, do Ministério do Interior, apelou à atenção internacional para o relatório de Cuba. Ele mencionou a inclusão de cinco novos indivíduos e uma nova organização terrorista - Cuba First (Cuba Primero). Álvarez destacou a natureza criminosa do ciberterrorismo e do "uso excessivo das media sociais para incitar a violência". (…)

Em última análise, o Relatório de Cuba às Nações Unidas demonstra a dupla hipocrisia dos EUA. O governo dos EUA instigou a Resolução 1373 do Conselho de Segurança da ONU apesar de ter infligido terror a Cuba durante muito tempo. Combate a sua "guerra contra o terrorismo" enquanto aterroriza Cuba e outras nações e povos. Também está patente o paradoxo cruel referido pelo Vice-Ministro Vidal, o facto de os EUA, que exercem o terror, declararem que Cuba é um Estado patrocinador do terrorismo.

Por último, o recente relatório poderia ter mencionado os terroristas patrocinados pelos EUA no passado. Alguns dos seus atos são:
  • A CIA faz explodir o navio francês La Coubre a 4 de março de 1960, em Havana; 101 pessoas morreram.
  • José Basulto (Irmãos de Resgate) dispara um canhão contra um hotel à beira-mar, 24 de agosto de 1962.
  • Os irmãos Novo disparam uma bazuca contra a ONU enquanto Che discursa, 1964.
  • Ignacio Nova dispara uma bazuca contra o pavilhão de Cuba na Feira Mundial de Montreal, 1967.
  • Orlando Bosch dispara uma bazuca contra um navio polaco em Miami, 1967.
  • Bosch, Luis Posada e outros matam o diplomata chileno Orlando Letelier e Ronni Moffit em Washington, 1976.
  • Posada e Bosch organizam o bombardeamento durante o voo 455 da Cubana em 1976; 73 pessoas morreram.
  • Omega-7 mata o agente de viagens porto-riquenho Carlos Muniz por apoiar Cuba, 1979.
  • Pedro Remon mata Eulalio Negrin em Nova Jérsia, 1979, por este ter tido contactos com o governo de Cuba.
  • Os "Brothers to the Rescue" violam o espaço aéreo cubano mais de 20 vezes antes do abate dos seus aviões em 1996.
  • Até à década de 1980, o governo dos EUA leva a cabo, de forma recorrente, uma guerra bacteriológica contra Cuba.

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