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quinta-feira, 1 de maio de 2025

FRANÇA: EÓLICAS E SOLARES PARARAM PARA DEIXAR PASSAR A NUCLEAR

  • Segundo Sylvain Houpert, a França perdeu, em apenas 15 horas, 18 milhões de kWh de energia limpa – quantidade suficiente para fornecer 120 milhões de km de transporte gratuito e livre de carbono (considerando um consumo de 15 kWh/100 km). Este episódio reacende o debate sobre a gestão da rede elétrica francesa, que prioriza a energia nuclear em detrimento de fontes renováveis. Devido à baixa procura e à inflexibilidade das centraais nucleares (que não podem reduzir rapidamente a sua produção), o país – que depende da nuclear para 70% de sua eletricidade – enfrentou um excesso de energia. Para evitar sobrecarga na rede e riscos de apagão, a França optou por reduzir a geração eólica e solar, em vez de cortar a produção nuclear. Esta situação é polémica. Primeiro, porque há desperdício de energia limpa: As renováveis, que poderiam ser armazenadas ou convertidas em hidrogénio verde, foram sacrificadas para manter a nuclear em operação. Segundo, porque há falta de infraestrutura: os críticos sublinham que o governo francês, ao apostar fortemente na nuclear, negligencia investimentos em soluções como baterias, hidrogénio verde ou interconexões com outros países, que evitariam esse tipo de desperdício. Finalmente, a decisão reflete uma resistência em acelerar a integração de renováveis, potencialmente atrasando a descarbonização. Enquanto a França defende a nuclear como pilar da sua matriz de baixo carbono, o episódio revela um desafio crucial: como equilibrar fontes inflexíveis com a necessidade de eficiência e sustentabilidade.
O nevoeiro baixo revela o que é normalmente invisível à vista, os ventos que se estendem por detrás de um parque eólico no Mar do Norte. Foto: Bel Air Aviation/Recharge.
  • Um novo projeto de política no Reino Unido propõe que os promotores de energia eólica offshore não sejam responsabilizados financeiramente pelo “roubo de vento” - um fenómeno em que o efeito de esteira de um parque eólico reduz a disponibilidade de vento para as instalações vizinhas. Esta decisão tem por objetivo atenuar os litígios jurídicos e incentivar o investimento na energia eólica offshore. Até agora, a falta de regulamentos sobre o roubo de energia eólica suscitava a possibilidade de contestações legais entre promotores e mesmo entre nações. A nova política procura clarificar e promover a cooperação, garantindo que os promotores não são penalizados por fatores fora do seu controlo. Ao resolver a questão do roubo de vento, o Reino Unido pretende atrair mais investimento e progredir no sentido dos seus objetivos de emissões líquidas nulas. Fonte: Recharge.
  • O Instituto Tony Blair para as Alterações Globais publicou um documento intitulado: “O paradoxo do clima: porque precisamos de reiniciar a ação sobre as alterações climáticas”. O documento, referido urbi et orbi, não questiona a urgência de enfrentar as alterações climáticas, mas apela a uma redefinição radical da forma como estas são abordadas, delineando sete ações críticas para os líderes mundiais, desde dar prioridade à captura de carbono e ao aproveitamento do poder da IA, até ao investimento no nuclear e à reorientação da filantropia global para avanços tecnológicos. Fonte. Será que podemos confiar num tipo que mentiu sobre a existência de armas de destruição maciça e levou à guerra do Iraque?
  • A administração Trump despediu centenas de cientistas e peritos que estavam a trabalhar na Sexta Avaliação Nacional do Clima, cuja publicação está prevista para o início de 2028. Este relatório, exigido pelo Congresso, é a principal ferramenta federal para compreender como as alterações climáticas afetam a vida nos EUA em todos os seus aspectos (saúde, agricultura, economia, etc.). Estes relatórios são elaborados numa base voluntária por cientistas e peritos de todo o país e são depois submetidos a várias revisões por 14 agências federais e a um período de comentários públicos. Todo o processo é supervisionado pelo Programa de Investigação sobre Alterações Globais, criado pelo Congresso em 1990 e apoiado pela NASA. Fonte.

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