O aumento do preço das casas em Portugal desde 2010 foi 80%. Desde então a população ativa caiu e voltou a subir, entre 5 milhões e 111 mil em 2012 para 5 milhões 350 mil em 2023. Um aumento de cerca de 3%. O preço das casas subiu 80%.
Ou seja – a verdade: não há qualquer ligação entre o aumento da imigração e o preço das casas, cuja responsabilidade é exclusivamente dos estrangeiros ricos que conseguiram comprá-las e não as usam. O que fazem com as casas é especulação. É como ir ao supermercado comprar a comida toda, guardá-la e vendê-la uma semana depois ao dobro do preço.
Os imigrantes que são, de forma desumana, explorados pelos empresários portugueses – os mesmos que acham o Trump e Ventura são uma solução para o mundo – , são atirados para um quarto, 8 em cada quarto, em regime de cama quente.
Com a nova lei dos solos, que o PS acaba de deixar passar, a corrupção vai disparar bem, para vender casas de milhões, em zonas agrícolas e ecológicas nobres, terrenos férteis para agricultura, vendidas a imigrantes ricos-investidores que não trabalham e não vivem cá. Destruindo a vida – sem habitação não há vida – dos portugueses e imigrantes que trabalham. Um novo negócio em cima desta destruição vai florescer, de patos bravos, agentes imobiliários, e todo o tipo de esquemas para que as Câmaras aprovem esta destruição do território. A lei dos solos foi aprovada pelo PSD, CDS, Chega e IL e tem a abstenção do PS.
A banca, os governos, os empresários, os investidores estrangeiros são os responsáveis pelos preços escandalosos das casas. Os imigrantes trabalhadores são o bode expiatório. Os partidos fascistas e quem alinha com eles noutros partidos, culpando os imigrantes, são uma máquina de fabricar mentiras. Portugal está à venda, que se lixe a verdade, a nossa vida, a sustentabilidade agrícola, e a beleza da paisagem. O lucro é a única linguagem deste Estado, e destes empresários.
Acredito num mundo onde os portugueses e imigrantes que daqui saíram obrigados, possam regressar e trabalhar e viver aqui, onde os nepaleses ou seja quem for possa regressar ao seu país se quiser, e ficar aqui se quiser, que seja livre realmente de escolher ficar ou partir, sem ser obrigado pelos baixos salários e a miséria a sair ou ficar. A concorrência entre trabalhadores com a livre circulação de mão de obra é uma desgraça. Mas não se combate perseguindo imigrantes – combate-se unindo todos os que trabalham contra quem tem poder e faz estas leis e enriquece explorando esta concorrência. É preciso olhar para a origem dos problemas e não para as pessoas que aqui, ou lá, tentam sobreviver e vender a sua força de trabalho no mundo absurdo do capitalismo.
Podemos e devemos discutir ideologias e modos de viver, o que não podemos é continuar a tolerar a mentira como base dessa discussão. Vamos lá falar sobre imigração e trabalho, debater pontos de vista contraditórios, mas com base na verdade.
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