“Os comentadores ocidentais centram-se, com toda a razão, no impacto desastroso que a oferta de produtos alimentares ocidentais subsidiados ao mercado africano tem tido nos agricultores africanos. O Ocidente tem sido culpado pela situação de África de várias formas. Entre elas, a pior tem sido a concessão irresponsável de empréstimos a regimes ditatoriais para financiar projectos de capital grandiosos, cujo principal objetivo era geralmente a corrupção e que resultaram em gerações de dívidas para os pobres africanos que deles não beneficiaram. Aqueles que beneficiaram - maciçamente - foram os ditadores, os seus comparsas e os que receberam bónus da City de Londres.
Mas os danos causados pelo nosso dumping de alimentos baratos em África foram ainda maiores. Tanto nos Estados Unidos como na Europa, o lóbi agrícola tem um peso político desproporcionado e, desde a Segunda Guerra Mundial, os agricultores ocidentais têm recebido enormes somas dos contribuintes dos seus países para produzirem muito mais alimentos do que as suas sociedades podem absorver. Por vezes, isto significou a acumulação de montanhas de carne de bovino ou de cereais em armazém, mas o principal instrumento político para se livrarem dos excedentes indesejados foi sempre o subsídio à exportação. Este fez o que estava escrito na caixa - foram dadas grandes somas de dinheiro aos agricultores ocidentais para produzirem alimentos que foram vendidos nos mercados estrangeiros a preços subsidiados."
Craig Murray, The Catholic Orangemen of Togo and Other Conflicts I Have Known (2008) –Atholl 2017, pp 159-160.
Sem comentários:
Enviar um comentário