Newsletter: Receba notificações por email de novos textos publicados:

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

BICO CALADO

  • Uma taxonomia da treta empresarial. Há seis mentiras que as empresas contam desde tempos imemoriais, e o novo livro de Nick Hanauer, Joan Walsh e Donald Cohen, Corporate Bullsh*t: Exposing the Lies and Half-Truths That Protect Profit, Power, and Wealth in America fornece uma taxonomia essencial destas seis mentiras. David Dayen resume-as: I. Negação pura. Desde o comércio de escravos que os apologistas e porta-vozes das corporações têm afirmado que as coisas verdadeiras são falsas e vice-versa. Em 1837, John Calhoun afirmou que "nunca antes a raça negra da África Central, desde os primórdios da história até aos dias de hoje, atingiu uma condição tão civilizada e tão melhorada, não só fisicamente, mas também moral e intelectualmente". George Fitzhugh chamou aos africanos escravizados na América "o povo mais livre do mundo." Esta tática nunca desapareceu. As crianças enviadas para trabalhar em fábricas são "perfeitamente felizes". “A água poluída é "mais pura do que a água que vinha do rio antes de a usarmos". As famílias pobres "não existem de facto". Os pesticidas não provocam "doenças ou mortes". As alterações climáticas são "benéficas". O chumbo "ajuda a proteger a saúde". II. Os mercados podem resolver os problemas, os governos não. Alan Greenspan fez carreira afirmando alegremente que os mercados se auto-corrigem. Só depois da implosão da economia mundial, em 2008, é que admitiu que a sua doutrina tinha uma "falha". Em 1973, a Câmara de Comércio dos EUA insurgiu-se contra os regulamentos de segurança, porque "a segurança é um bom negócio" e pode ser deixada ao mercado. Se os produtos inseguros persistem no mercado, é porque os consumidores optam por trocar a segurança "por um preço mais baixo" (Laurence Kraus, porta-voz da Câmara). O racismo não pode ser corrigido com leis anti-discriminação. Só quando o "mercado" perceber que o racismo é mau para o negócio é que será finalmente abolido. III. A culpa é dos consumidores e dos trabalhadores. Em 1946, a Associação Nacional do Carvão atribuiu a responsabilidade pelas mortes e mutilações nas minas de carvão do país ao "descuido dos homens". Em 2003, a Associação Nacional de Restaurantes cantou a mesma canção, condenando os rótulos nutricionais porque "não há alimentos bons ou maus. Há dietas boas e más". O secretário do Interior de Reagan, Donald Hodel, aconselhou a responsabilidade pessoal para lidar com a diminuição da camada de ozono: "as pessoas que não se expõem ao sol não são afetadas". IV. As curas governamentais são sempre piores do que a doença. Lee Iacocca chamou à Lei do Ar Limpo de 1970 "uma ameaça a toda a economia americana e a todas as pessoas na América". Todas as proteções laborais e do consumidor, antes e depois, foram condenadas como uma praga para o emprego e a prosperidade dos americanos. O incentivo ao trabalho não pode sobreviver à Segurança Social, à assistência social ou ao seguro de desemprego. O salário mínimo mata o emprego, etc., etc. V. Ajudar as pessoas só as prejudica. O Medicare "destruirá a iniciativa privada para que os nossos idosos se protejam com seguros" (Senador republicano Milward Simpson, 1965). O alívio da Covid é injusto para as pessoas que estão atualmente no mercado de trabalho" (Governador Republicano Brian Kemp, 2021). VI. Todos os que discordam de mim são socialistas. Os 2% de Grover Cleveland sobre os rendimentos mais elevados são "uma guerra comunista contra os direitos de propriedade" (NY Tribune, 1895). A "medicina socializada" deixará "os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos [a perguntar] como era a América quando os homens eram livres" (Reagan, 1961). Tudo é "socialismo": leis contra o trabalho infantil, Segurança Social, salários mínimos, licenças familiares e médicas. Até o fascismo é socialismo! Em 1938, a Associação Nacional de Fabricantes chamou aos direitos laborais "comunismo, bolchevismo, fascismo e nazismo".
  • Um tribunal francês anulou a proibição imposta pelo governo às empresas israelitas de participarem na feira de armamento Euronaval, a realizar na próxima semana perto de Paris. Fonte.

  • A ONU votou sobre o bloqueio dos EUA a Cuba. Apoio ao bloqueio: 2 votos (EUA e Israel) Abstenção: 1 voto (Moldávia). Contra o bloqueio: 187 votos (o resto do mundo). Fonte.
  • O navio de armas MV Kathrin reapareceu no porto de Alexandria, no Egito. Estará o Egito a ajudar a transferir explosivos militares cruciais para o genocídio de Israel contra os 2,3 milhões de palestinianos em Gaza? Fonte.
  • A embaixadora dos EUA no Líbano, Lisa Johnson, está a fazer o mesmo que Robert Ford fez na Síria: promover uma guerra civil sangrenta para fazer avançar os objetivos dos EUA e de Israel na região. "Israel não pode realizar tudo apenas com meios militares. Chegou o momento de darem um passo em frente e iniciarem a resistência interna, disse ela." Fonte.
  • A Relatora Especial das Nações Unidas Francesca Albanese condena com paixão e veemência o silêncio da comunidade mundial sobre o genocídio dos palestinianos por Israel. Fonte.
  • Manifestantes pró-Palestina interrompem o comício da vice presidente Harris três vezes durante o seu discurso em Harrisburg PA. Fonte.
  • Keir Starmer, primeiro ministro britânico, declara que nunca chamou genocídio a Gaza. Sistema de Saúde destruído. 42.000 civis assassinados. 20.000 crianças assassinadas.UNRWA banida. Ajuda bloqueada. 70.000 toneladas de bombas lançadas. Pacientes hospitalares queimados vivos. 2,3 ml de pessoas mortas à fome. Fonte.
  • O custo médio de uma caneca de cerveja num pub londrino é de £6,75. O custo para os deputados no Strangers' Bar da Câmara dos Comuns é de £3,30. Fonte.
  • Greve encerra escolas e põe em causa festas de Halloween, titula o Defesa de Espinho. A reportagem do semanário privilegiou o impacto da ausência de festa e descartou o impacto da greve nos testes e nos conteúdos programáticos. Típico de uma cidade casineira à beira mar plantada.

Sem comentários: