Os Orangemen católicos do Togo e outros conflitos que conheci (4)
"O arquiteto do escândalo Sandline foi Rakesh Saxena. Então com 47 anos, Saxena era uma personagem notável. Auto-denominado um dos principais analistas marxistas internacionais, tinha uma carreira controversa na banca, em aquisições de empresas e em transações comerciais. Na altura em que entrei para o Departamento, encontrava-se detido sob fiança em Vancouver, lutando contra a extradição para a Tailândia por acusações de fraude. Saxena já tinha um longo historial de negócios com diamantes de sangue africanos, incluindo em Angola, onde os Executive Outcomes estavam a 'proteger' as minas.
Na Serra Leoa, Saxena planeava realizar um golpe espetacular. Especularia 10 milhões de libras em armas e apoio mercenário ao Presidente Kabbah. Em troca, Kabbah daria imediatamente a Saxena o título de grandes concessões de extração de diamantes num valor estimado de pelo menos 70 milhões de libras, além de promessas de isenções fiscais e acesso preferencial no futuro ao diamante e ao comércio.
Assim, o financiador do projeto Sandline não era o governo do Presidente Kabbah, mas um empresário milionário acusado de fraude, que queria diamantes. Saxena tinha feito um cálculo comercial difícil, que pelos 10 milhões de libras que estava a arriscar, Sandline poderia efetivamente reinstalar Kabbah. Era a velha história - homens brancos treinados juntam-se, matam muitos africanos e assumem o controlo dos principais recursos económicos. Esta análise caracteriza a maior parte - não toda, mas a maior parte - da história da intervenção branca em África nos últimos quinhentos anos.”
Craig Murray, The Catholic Orangemen of Togo and Other Conflicts I Have Known (2008) –Atholl 2017, p 46.
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