“Se o Empire State Building, inaugurado em 1931, representava o maior testemunho de coragem moral, a tragédia que se desenrolou em Washington na primavera e no verão de 1932 mostrou a América no seu ponto mais baixo. Os veteranos da Primeira Guerra Mundial formaram um ‘Bonus Army’, cerca de vinte mil desempregados que chegaram com as suas famílias em dificuldades e se instalaram num bairro de lata do outro lado do rio, em frente ao Capitólio. Exigiram ao Congresso o pagamento do bónus. ‘Éramos heróis em 1917, mas agora somos vagabundos’, disse o seu porta-voz num apelo perante a Câmara.
A Câmara aprovou o projeto de lei Pateman, que concedia os bónus, mas este foi chumbado no Senado. O Presidente Herbert Hoover rotulou os manifestantes de criminosos e chamou o Exército dos EUA para dispersar os que ficaram depois de o projeto de lei ter sido rejeitado, usando baionetas, gás lacrimogéneo e tanques. ‘O governo mais poderoso do mundo atirou os seus veteranos esfomeados para fora de barracas sem valor’, foi a forma como John Henry Bartlett, antigo governador de New Hampshire, descreveu o perturbador acontecimento no seu relato de testemunha ocular.”
Nancy Isenberg, White Trash – The 400-year untold history of class in America. Atlantic Books 2017, p 209. Trad. OLima, 2024.
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