“’Há uma história com o Alberto João, contada pelo major Faria Leal, número dois da hierarquia militar na Madeira, na época. O Alberto tinha ganho as primeiras eleições constituintes. Então, foi ter com o Azeredo e desafiou-o: «O PPD ganhou as eleições e, portanto, agora temos de rever algumas coisas na Madeira. Por exemplo, a Calheta tem lá um diretor comunista e tal…» Era eu. O tipo diz-lhe isto e, segundo o Faria Leal, o Azeredo parecia ter uma mola na cadeira. Levantou-se, pôs a bota quase a um palmo do nariz do Alberto João e ameaçou-o: «Você não lhe toca! Esse homem é o que há de mais sério na Madeira. É à minha responsabilidade e está sob a minha proteção.» O Alberto João é um cagão, eu próprio já lhe tinha dado umas latadas antes do 25 de Abril. Um dia chamou efeminadas às Forças Armadas e houve lá um militar, o coronel Carlos Lacerda, que foi ter com ele. Tirou as divisas e perguntou-lhe: «Afinal, quem é o efeminado?» E… prás! Virou-o da cadeira e voltou a pôr as divisas…’”
Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, pp 198-199.
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