terça-feira, 30 de julho de 2024

BICO CALADO

  • A Rússia e a Bielorrússia foram proibidas. A África do Sul do apartheid foi proibida no passado. A Alemanha, a Turquia e outros países foram proibidos após a 1ª Guerra Mundial. Isto só prova que os Jogos Olímpicos são uminstrumento político. A ler: A França ganha o ouro olímpico pela hipocrisia, por Yvonne Ridley.
  • Os atletas argelinos trouxeram rosas vermelhas para o seu barco e atiraram-nas ao Sena, enquanto participavam no Desfile das Nações para dar início aos Jogos Olímpicos de 2024. Mais de 100 manifestantes argelinos morreram e 12.000 foram presos pela polícia francesa em 17 de outubro de 1961, quando se manifestavam em apoio à independência da Argélia em relação à França. Fonte.

  • “(…) O chamado «espírito olímpico» é, há muito, uma fraude, principalmente desde que foi assaltado como veículo promocional das marcas das mais poderosas transnacionais globalizantes. (…) A celebração dos Jogos de 1936 na Alemanha nazi, através dos quais o Comité Olímpico Internacional de então contribuiu para a promoção de Hitler, do seu segregacionismo e da sua estética imperial; o boicote montado pelos Estados Unidos de Reagan e respectivos súbditos na Europa Ocidental contra os Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, como início da neoliberalização do Movimento Olímpico; a contemporaneidade de várias edições dos Jogos com as guerras ocidentais desencadeadas pelo Ocidente na Jugoslávia, no  Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria, sem que fosse encarada a declaração de qualquer «trégua olímpica»; o traiçoeiro e cobarde aproveitamento da concentração da atenção mundial na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 8 de Agosto de 2008, para o então regime americanizado da Geórgia invadir o território russófono da Ossétia do Sul, provocando uma chacina de mais de 2000 pessoas apenas durante as primeiras horas; a inexistência de uma declaração de trégua na guerra na Ucrânia agora que atletas de quase todo o mundo se juntam em Paris – todos estes acontecimentos são apenas alguns exemplos de como os poderes políticos dominantes internacionalmente espezinham a autonomia do Comité Olímpico Internacional e a intenção manifestada por Coubertin de que os Jogos sejam «uma celebração da linguagem universal que transcenda fronteiras e culturas». A arbitrária «ordem internacional baseada em regras» deitou as mãos aos Jogos, arrasa princípios, mina as melhores intenções e asfixiou o espírito olímpico. (…) O texto da Carta é claro, preciso, redigido de maneira a não ser passível de dúvidas em relação ao chamado «espírito olímpico». No capítulo 2 do documento, dedicado «à missão e ao papel do COI», estipula-se no parágrafo 5.º que este organismo deve actuar «para o reforço do Movimento Olímpico Internacional (MOI), manter e promover a sua neutralidade política e preservar a autonomia do desporto»; e no artigo 6.º exige-se ao COI que actue contra «qualquer forma de discriminação afrontando o Movimento Olímpico». Pierre de Coubertin resumiu estes conceitos numa frase simples, grosseiramente violada pelos agentes que formataram os Jogos Olímpicos de Paris: «Nós (no COI) não somos conselheiros técnicos de política, somos apenas os curadores do ideal olímpico». Não seria necessário ir mais longe para concluir que os Jogos Olímpicos de Paris são uma fraude. (…) Além de fraudulentos, devido à falta de respeito pelo olimpismo, os Jogos de Paris são igualmente uma manifestação de corrupção desportiva – e que não é insignificante. (…) A corrupção desportiva está no facto de serem afastados, sem qualquer infracção competitiva ou de outro tipo, alguns dos melhores atletas e equipas do mundo, o que desvaloriza as vitórias, retira prestígio e valor às medalhas, prejudica o espectáculo e influi na qualidade de algumas das provas individuais e colectivas.  (…) As deliberações do COI sobre o assunto, tomadas sob pressão dos governos dos países ocidentais, decorre, mais uma vez, de uma política «diplomática» reconhecida e elogiada pelo ex-«ministro» não-eleito dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, Josep Borrell, numa prelecção aos alunos da Universidade de Oxford: o recurso a um critério de avaliação dos assuntos internacionais segundo dois pesos e duas medidas. O ex-«ministro», um fundamentalista do fascismo liberal, explicou que para a «civilização» ocidental a política de dois pesos e duas medidas é a arte «diplomática» de distinguir entre as violações do direito internacional que são «do nosso interesse» e as que são do «interesse dos inimigos». Ou o «nosso jardim» contra a «selva» que o cerca e ameaça. A partir daqui tudo é possível: a participação olímpica de atletas de Marrocos, apesar de o seu governo praticar uma política de ocupação, violência e violações permanentes dos direitos humanos contra o povo soberano do Saara Internacional; e, sobretudo, que possam estar presentes em Paris os atletas de Israel, país responsável há 75 anos pelo genocídio e a limpeza étnica do povo palestiniano, cujos métodos são ilustrados pela acção de extermínio em curso em Gaza – um indício forte da tentativa para alcançar uma «solução final» do problema. (…) os Jogos Olímpicos servem agora para os chamados «meios de segurança» exercitarem o uso da vigilância intensiva, palmo a palmo, considerarem cada cidadão um potencial delinquente, quiçá um agente de Putin, escrutinarem movimentações de pessoas, barrarem espaços devido a simples suspeitas, ou mesmo intuições. A arbitrariedade policial passou a ser a regra, o controlo das liberdades tornou-se lei. (…)” José Goulão, Requiem pelo OlimpismoAbril Abril.
  • O governo britânico criou uma poderosa exposição para homenagear os 487 atletas ucranianos mortos antes dos Jogos Olímpicos. Desde 7 de outubro, 400 atletas palestinianos foram mortos por Israel. Porque é que os atletas palestinianos não merecem o mesmo? Marc Owen Jones.

  • Só um império americano falhado seria tão cego ao ponto de aplaudir Netanyahu e o seu genocídio. Todos os impérios caem. O seu colapso torna-se inevitável quando os seus governantes perdem a noção de quão absurdos e abomináveis se tornaram. Jonathan Cook, Substack.
  • “(…) Esta é uma visita de um governador colonial ao imperador metropolitano e o sionismo é uma ideologia racista e colonialista. Enquanto ideologia o sionismo começou por ser um movimento do tipo milenarista surgido no final do século dezanove e, como acontece com os movimentos milenaristas, num contexto político de incerteza que iria desembocar na Grande Guerra. Era um movimento do tipo do sebastianismo ou da busca do El Dorado. Era e é um movimento a-histórico, que inventa uma história a partir de efabulações e fantasias. Nunca existiu um Estado Judaico. A primeira referência à Palestina é de Hérodoto de 450 anos AC, segue-se a Palestina dos Selêucidas (175AC) que são derrotados pelos romanos e a Palestina é integrada no seu império, as elites locais integram a cultura helénica, e vivem sob o império de Roma até três séculos depois de Cristo, quando passam ao domínio de Bizâncio. Três séculos depois, (630) ocorre a conquista árabe, os cruzados cristãos europeus chegam em 1099, o império otomano (turco) instala-se na Palestina em 1500 e é substituído pelo império inglês após a I Grande Guerra, sendo então governada num regime de mandato da Sociedade das Nações. O sionismo, de movimento milenarista passa a integrar o movimento do colonialismo dentro do mesmo princípio que presidiu à ocupação de África pelas potências europeias na Conferência de Berlim, no final do século dezanove e no âmbito da revolução industrial. A Palestina é a chave que controla todo o Médio Oriente, e este é a região mais rica e de mais barata exploração de uma matéria-prima essencial para as potências europeias, o petróleo. É, foi, a posse de matérias-primas essenciais aos europeus que se encontra na base do colonialismo e das suas obras. O sionismo passou de uma bizarria de uns lunáticos nacionalistas a movimento utilizável para as potências industrializadas rentabilizarem os seus investimentos, dos quais os mais importantes são o Canal do Suez, os portos na entrada e saída no Mediterrâneo e no Mar Vermelho, e os caminhos de ferro (todos investimentos europeus) e o acesso garantido, seguro e barato das suas companhias petrolíferas. O sionismo que dá origem a Israel, é, geneticamente, uma justificação de superioridade rácica para um grupo ocupar um território e dele extrair as riquezas, sujeitando os nativos. É uma doutrina colonialista, como a do apartheid. Israel é uma colónia que começa por ser inglesa e que passa para o domínio dos Estados Unidos na transferência de poder que ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. (…)  o sionismo assenta na crença da superioridade do povo eleito (…) E esta é a política do imperador e do império, à margem e em oposição à Carta das Nações Unidas, reafirmada por Joe Biden. Por isso Gaza e os palestinianos estão a ser eliminados e arrazados, como os povos índios foram. (…) Israel é útil para controlar os preços do petróleo, e de todas as mercadorias vindas da Ásia. É útil como campo de experiências de alta tecnologia militar e de controlo do espaço na região e como fator de desestabilização utilizável quando conveniente. Funciona como um lacrau que o Ocidente ali tem debaixo de uma pedra e que solta quando lhe interessa. (…) As acusações de criminoso a Netanyahu são contra a natureza das coisas, jamais um governador colonial foi demitido por excesso de dureza na imposição do poder imperial, mas sim por fraqueza na ação de domínio. Os dois Herodes, pai e filho, o Grande e o Antipas, que governaram a Palestina em nome dos romanos são um exemplo, o violento pai, Herodes o Grande, foi um fiel servidor dos romanos e o filho Antipas, que já não conseguiu manter a ordem na Palestina foi substituído. Netanyahu conhece a História e daí o seu ar confiante e sorridente.” Carlos Mateos Gomes, O orgulhoso sionista e o seu governador colonial — Herodes o GrandeMedium.
  • “A cobertura da BBC sobre o ataque a um campo de futebol nos Montes Golã, no sábado, foi intencionalmente enganadora. O noticiário da noite da BBC ignorou completamente o facto de que os mortos pela explosão são uma dúzia de sírios, não cidadãos israelitas, e que durante décadas a população síria sobrevivente nos Montes Golã, na sua maioria drusos, foi forçada a viver sob uma ocupação militar israelita. Suponho que a menção deste contexto possa complicar a história que Israel e a BBC pretendem contar - e correr o risco de recordar aos telespetadores que Israel é um Estado beligerante que ocupa não só território palestiniano mas também território sírio (para não falar do território libanês vizinho). Jonathan Cook, Mais crianças mortas. Mais "notícias" da BBC a canalizar propaganda israelita como se fosse suaSubstack.
  • O município de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, condenou o bombardeamento pelo exército israelita de um reservatório de água potável no bairro de Tal Al-Sultan como uma grave violação das normas humanitárias. Fonte.
  • Documentos internos da Google mostram que a empresa planeou patrocinar uma conferência tecnológica das Forças de Defesa de Israel - mas o seu nome foi apagado à última hora. Nokia, Dell e Canon estiveram presentes no evento de 10 de julho. Sam Biddle, TheIntercept.
  • Os EUA nunca pediram perdão às vítimas dos bombardeamentos de avião na Somália, mesmo quando admitiram ter matado civis. As famílias dos civis mortos pelos EUA na Somália partilham as suas ideias sobre justiça num novo relatório. O Pentágono não responde. Nick Turse, The Intercept.
  • Para a 'Máfia dos testes', o crime compensou, e muito. No caso do Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, foi condenado pela AdC ao pagamento de uma coima de 9,3 milhões de euros, mas no triénio da pandemia (2020-2022) registou um acréscimo de lucros de 62 milhões de euros. Chega e sobra para pagar a multa da AdC. Mas este enriquecimento à custa de dinheiros públicos não foi feito 'pela calada'. A 'Máfia dos testes' teve reuniões com membros do Governo e teve 'luz verde' nos preços praticados. No caso da testagem nas escolas, as empresas dos dirigentes da Associação Nacional de Laboratórios Clínicos amealharam 82% do valor dos testes feitos.
  • Ao contrário do que costuma fazer a Lusa e a RTP quando são manifestações da CGTP ou que vão contra os interesses instalados em que indicam o numero de manifestantes para desacreditar, (…) ontem uma manifestação em Lisboa contra Maduro o Canal público não só não estimou as presenças como a câmara fechou os ângulos para não mostrar as poucas dezenas de presentes. Objetividade é coisa que não falta naquela casa. Fonte.


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