quinta-feira, 20 de junho de 2024

REFLEXÃO: ALTRI ALVO DE PROTESTOS NA GALIZA

Na tarde de 12 de Junho, o Arctic Sunrise da Greenpeace entrou no estuário da ria Arousa rodeado por quase 300 barcos de pesca ostentando uma enorme tarja a bombordo que dizia: “Defendam o mar”, e outra a estibordo onde estava inscrita a declaração “Altri non”. 

A acção foi organizada pela Greenpeace e pela Plataforma em Defesa da Ria de Arousa e mobilizou centenas de pescadores artesanais, mariscadores e produtores de mexilhão. Em causa está a intenção da empresa portuguesa Altri de construir uma fábrica de pasta de celulose na Galiza. A possibilidade de instalação de uma fábrica de pasta de celulose na cabeceira do rio que desagua no estuário de Arousa e nas suas margens de marisco faz com que os pescadores temam que fique ainda mais poluído, que a temperatura da água varie e que o seu caudal diminua. A Altri solicitou licença para captar 46 milhões de litros de água por dia da albufeira de Portodemouros, o que equivale ao consumo de toda a província de Lugo, a terceira da Galiza em número de habitantes (324.267 em 2023). 

Também solicitou licença para descarregar 30 milhões de litros de água por dia, após a sua utilização no processo de produção de pasta de celulose. Mas isto gera muitos produtos químicos e a temperatura da água sobe para 27 graus Celsius. Essas licenças seriam por 75 anos, mas a empresa não apresentou estudo sobre a possível e esperada diminuição da disponibilidade do recurso hídrico com projecções dos efeitos que as mudanças climáticas poderão ter nesse período.

O sector das pescas emprega cer ca de 12.000 pessoas na ria de Arousa, mas os seus efeitos indiretos no emprego são muito maiores. A ria tem mais de 44% das licenças de extração de marisco a pé concedidas na Galiza, onde cerca de 1700 pessoas se dedicam regularmente a esta atividade e muitos outros dedicam-se à apanha flutuante de marisco, de mexilhão e à pesca artesanal com pequenas artes. 

Público 19jun2024.


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