sexta-feira, 21 de junho de 2024

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 8

Edmund Dinis (4 outubro 1924 – 14 março 2010)


“O MDLP não se limitava, porém, a agitar as massas. A sua panela de pressão incluía ações de intimidação, detonações em estradas ou rebentamentos de petardos em alvos de esquerda a pretexto de «exercícios militares». Se a ideia fosse destruir o carro de um comunista, «não se aproveitava dele um pedaço maior do que um prato de sopa», assumiam os operacionais. Os dirigentes chegaram a reivindicar 50 mil «militantes», quase metade «em armas». Com o andar da carruagem, os seus apoios financeiros vão permitir obter recursos nas comunidades emigrantes dos EUA e da Venezuela, mas também na África do Sul, Brasil e Canadá. 
«Vivem fora de Portugal cerca de seis milhões de portugueses», lembrara Alpoim Calvão. «Não é difícil fazer com que cada um deles dê um dólar para a organização (…). Claro que muitos dão mais do que isso.» De acordo com a revista semanal Politique Hebdo, «fortemente editorializadas contra o totalitarismo comunista». Confrontado pela CounterSpy, de 24 de julho de 1975, a própria CIA teria lançado um programa para recrutar emigrantes portugueses do Massachusetts, sobretudo em New Bedford, para a batalha contra a revolução saída do 25 de Abril. A face visível seria o procurador Edmund Dinis, natural dos Açores. Antigo tradutor dos serviços de inteligência do exército dos EUA na Segunda Guerra Mundial, era dono de duas estações de rádio americano-portuguesas desmentiu o seu envolvimento em quaisquer assuntos políticos de Portugal.”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, p 76.

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