quinta-feira, 13 de junho de 2024

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 3

“Entre finais de 1974 e até aos últimos meses de 1975, Madrid tornou-se a segunda capital portuguesa. Os hotéis Ópera, Palace e Los Galgos, e a Taberna del Alabardero eram locais de encontro de fugitivos nacionais, entre eles o major Sanches Osório, antigo ministro no II Governo Provisório e fundador do Partido da Democracia Cristã (PDC). 

Em Vigo, os exilados da revolução ali radicados adquiriram, em poucos meses, mais de 500 apartamentos, cerca de 20 por cento dos andares construídos na cidade galega. O investimento seria equivalente a mais de 10 milhões de euros na atualidade. Baiona, Puebla de Sanabria, Ciudad Rodrigo, Zamora e Verín eram localidades confiáveis para acolhimento prolongado ou paragens breves, dado o «contingente» de refugiados avessos à revolução. José Aguirre Gonzalo, empresário imobiliário e presidente do banco Banesto, foi um mãos-largas para os portugueses que chegavam a Madrid fugindo do «comunismo». A secção feminina da Falange na capital espanhola, dois conventos de freiras em Tuy e Verín e uma quinta do cavaleiro tauromáquico Samuel Lupi foram também locais de ajuda, abrigo e reunião.”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, p 58.

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