Quadro: Ulirk Jean-Pierre.
- O Haiti
colapsou. O presidente não está mais no país. Os portos estão oficialmente
fechados. Gangues armadas estão sitiando o palácio nacional em Porto Príncipe e
vários outros prédios públicos incluindo a policia nacional. A violência
irrompeu e existem milhares de pessoas correndo risco de vida. Fonte.
- ‘A situação
atual do Haiti está intimamente ligada ao fato do país ter sido forçado a pagar
entre 20 a 30 bilhões de dólares por sua independência. Em meio à ebulição da
Revolução Francesa, a ilha de São Domingos, então colônia francesa, presenciava
um turbilhão de mudanças. A autonomia e representatividade conquistadas no
parlamento local acirraram as disputas entre brancos e mulatos, enquanto a
população escrava se levantava em busca de liberdade. Em 1791, o que começou
como uma rebelião se transforma em uma revolução de proporções épicas,
envolvendo França, Espanha e Inglaterra em um conflito sangrento. Sob a
liderança inspiradora de Toussaint L’Ouverture, negros e ex-escravos
conquistaram o direito de governar a ilha, ainda sob a tutela francesa. Mas a
luta não havia terminado. Em 1804, sob o comando de Jacques Dessalines, o Haiti
se separa definitivamente da França, orgulhosamente proclamando sua
independência. A ilha, dividida em duas partes, viu o Haiti se tornar a
primeira república negra do mundo, enquanto a parte oriental permaneceu sob
domínio espanhol, formando a República Dominicana. O preço pela revolução foi
caríssimo. Uma colônia nas Américas jamais poderia prosperar de uma revolução
realizada derramando o sangue dos colonizadores, e a resposta, além de um
embargo econômico, foi a cobrança dos franceses à jovem nação do pagamento de
taxas para a garantia de sua independência no valor de 150 milhões de francos,
o dobro do que os Estados Unidos pagaram no acordo pela Louisiana. Quase
literalmente sob a mira de uma arma, o Haiti cedeu às exigências da França para
garantir a sua independência. O montante era tão elevado para a jovem nação
pagar imediatamente que ela teve de contrair empréstimos com taxas de juro
elevadas junto de um banco francês. Ao longo do século seguinte, o Haiti pagou
aos proprietários de escravizados franceses e aos seus descendentes o
equivalente a aproximadamente 20 ou 30 bilhões de dólares em valores atuais.
Uma dívida que o Haiti levou 122 anos para pagar: custos que poderiam ter sido
investimentos cruciais em infraestrutura, educação, segurança. Hoje o Haiti
amarga um dos piores PIBs do mundo, um país marcado pela instabilidade política
e, mais recentemente, dominado por uma crise de segurança pública que envolve a
criminalidade entre gangues pelo controle de territórios que ameaça o país a
sofrer uma nova intervenção militar. Após o terremoto devastador de 2010, que
paralisou o Haiti, acadêmicos e jornalistas clamaram para que a França pagasse
uma dívida histórica. Em 2020, o economista Thomas Piketty reacendeu o debate,
defendendo que a França devolvesse pelo menos 28 bilhões de dólares ao país
caribenho. Apesar dos insistentes pedidos, o governo francês tem consistentemente negado essa proposição.” João Raphael Ramos dos Santos, O preço de uma revolução - Opera Mundi.
- “Putin escolhe
‘fantoches’ para eleição que o vai reconduzir”, titula o JN de 10 de março de
2024. Perante este rigor jornalístico é natural que o jornal perca leitores
porque o viés é tão evidente e de tão mau gosto que tresanda.
- “(...) o
‘encolhimento’ dos partidos progressistas, apegados quase exclusivamente à
política parlamentar, abstendo-se do papel pedagógico de esclarecimento
popular, com défices de análise e de formação de quadros, com omissões perante
problemas candentes e numerosas vacilações, não os preparou para o
enfrentamento de ontem. Por isso são encarados como ‘iguais aos outros’ pela
população mais atrasada.(...)” Resistir.
- “(…) A
generosidade com que pessoas e instituições endinheiradas financiam
organizações políticas que apostam na crispação, sugere que uma parte dos ricos
em Portugal já não tolera as opções de quem governou o país nos últimos anos,
por muito moderadas que fossem. Não há aqui nada de novo: quando acham que a
democracia lhes retira privilégios — sob a forma de impostos ou de direitos
laborais que consideram excessivos —, alguns poderosos financiam o caos, dando
poder a quem oferece ordem e ‘moderação’. Esperam com isso manter os seus benefícios.
O problema, como a história mostrou muitas vezes, é que se arriscam a perder o
controlo sobre o monstro que criaram.” Ricardo Paes Mamede, Crises,
instabilidade e crispação: as origens da quebra do PS – Público 11mar2024.
- Jovens
partilham conteúdo falso na Internet sem o terem lido antes. Um quinto dos 600
jovens que participaram num estudo já partilhou informação falsa. Nove em cada
dez usam as redes sociais, sobretudo as raparigas, que estão também mais
expostas aos riscos online. Cristiana Faria Moreira, Público 11mar2024.
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