Parque Nacional Manyara, Tanzânia. Fotografia: Mathieu Herduin/Mediadrumimages/MaxPPP
- “(...) Estamos, pois, num outro patamar da mediatização da campanha eleitoral. Não são apenas as redes sociais que introduzem novidades. Este ano, há um conjunto alargado de comentadores que se posiciona implicitamente ao lado de determinado candidato. Não o diz implicitamente, mas os argumentos não são inócuos. E essa influência pode ser determinante, sobretudo em eleitores mais indecisos.” Felisbela Lopes, A influência dos comentadores – JN 23fev2024.
- “(...) A Administração Biden, que não consegue explicar o assassínio de prisioneiros de alto perfil nas prisões norte-americanas, como foi, por exemplo, o de Jeffrey Epstein no Centro Metropolitano de Correção, de Nova Iorque, não teve quaisquer dúvidas em atribuir, de imediato, a Putin, a responsabilidade pela morte de Navalny, ocorrida lá longe na Sibéria. Outros países fizeram uma avaliação similar, como a Suécia, que, no entanto, não foi capaz de explicar a destruição do Nordstream nas suas águas territoriais. (...) No que toca à corrupção, a sua imagem de lutador intransigente e impoluto ficou manchada por graves problemas com a justiça. O primeiro remonta a 2009, embora a sentença tenha sido proferida em 2013, quando Navalny foi condenado a 5 anos de pena suspensa por peculato e desvio de fundos de uma grande empresa de madeiras (Kirovles), tirando partido do facto de ser conselheiro de Nikita Belykh, governador da província de Kirov. Na altura, o Tribunal Europeu para os Direitos Humanos recusou-se a reconhecer a sua prisão como politicamente motivada. Nos finais de dezembro de 2012, vê-se novamente a braços com a justiça devido a uma queixa de Bruno Lepru, à altura Diretor-Geral da sucursal russa da Yves Rocher, contra uma empresa detida pelos irmãos Navalny acusada de peculato. No final de 2014, O tribunal considerou os irmãos culpados. Alexey foi condenado a uma segunda pena suspensa. (...) Em 2011, Navalny criou a “Fundação Anticorrupção” (FBK) com a missão de combater a corrupção na Rússia. Apenas 22% do seu orçamento tinha origem em doações de simpatizantes no interior da Rússia. Os restantes 78% eram originários do exterior, em particular dos EUA e do Reino Unido. Os sinais exteriores de riqueza evidenciados por Navalny e pelos membros do seu grupo faziam aumentar as suspeitas. Vladimir Ashurkov, o seu braço-direito e diretor executivo da FBK, oficialmente desempregado, vivia num apartamento alugado, no centro de Moscovo, com uma renda que rondava o milhão de rublos por mês. (...)Navalny começou a sua carreira no Partido Democrático Unido Russo “Yabloko” de tendência social-democrata, liberal e pró-europeia, de onde foi expulso em 2007 pelas suas ideias ultranacionalistas, xenófobas e de extrema-direita incompatíveis com a ideologia de um partido que pugnava pela integração europeia da Rússia. Desde 2005, que Navalny coorganizava, conjuntamente com grupos neonazis e de extrema-direita, a chamada “Marcha Russa”, um evento anual de cariz xenófobo e racista realizado sob a bandeira czarista – preta, amarela e branca – dirigido contra os imigrantes do Cáucaso e da Ásia Central, em particular os muçulmanos. Nestas manifestações, Navalny aparecia e discursava ao lado de figuras sinistras como Vladimir Yermolavev, Alexander Belov e Dmitry Demushkin fundadores e líderes de partidos neonazis. (...) Apesar da oposição a Putin, Navalny defendeu (...) a ação militar russa na Geórgia, em 2008, de onde provinham as “baratas”, nome que dava aos imigrantes, e a sua irradiação da sociedade russa. (...) Navalny conseguiu a quadratura do círculo ao defender e condenar simultaneamente as ações militares russas na sua vizinhança próxima. Se, por um lado, condenou a intervenção militar russa na Ucrânia, por outro, apoiou a ocupação da Crimeia (2014) e as ações militares do Kremlin na Abecásia e na Ossétia do Sul (2008). (...)” Carlos Branco, O estranho caso do Dr. e do Sr. Navalny – Jornal Económico 22fev2024.
- "Uma rede como a Fox News esteve 'no centro do alarmismo público sobre o Islão' e, de acordo com os especialistas, deu regularmente aos ativistas de direita uma plataforma proeminente a partir da qual promoviam uma agenda anti-muçulmana. Uma análise do ThinkProgress sobre a cobertura da Fox News em 2010-2011, por exemplo, concluiu que a estação utilizava regularmente termos que refletiam uma visão negativa dos muçulmanos (como islão radical, jihad, sharia ou islão extremista) mais do dobro da frequência dos seus concorrentes. Os principais media americanos também associavam os americanos árabes e muçulmanos ao terrorismo e a um Islão demonizado e globalizado. Os artigos do New York Times, por exemplo, diferenciavam sistematicamente os muçulmanos americanos dos outros americanos. Imediatamente após o 11 de setembro, o jornal retratou os muçulmanos americanos como uniformemente devotos, ligados à sua terra natal e resistentes à assimilação." Erika Lee, America for Americans – a history of xenophobia in the United States. Basic Books/Hachette 2021, pp 309-310.
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