Cartoon de Patrick Chappatte
- A COP28 no Dubai regista uma autêntica maré negra de lobistas de combustíveis fósseis: 2.456, quase quatro vezes mais do que na COP27. Apenas o Brasil (3.081 pessoas) e os Emirados Árabes Unidos (4.409 pessoas), país anfitrião, têm delegações maiores do que a indústria de combustíveis fósseis. Este último tem mais representantes do que as 10 nações mais vulneráveis às alterações climáticas (1.509 delegados) ou os povos indígenas (316 representantes). Entre os representantes credenciados de combustíveis fósseis, encontramos, por exemplo, Patrick Pouyanné, CEO da TotalÉnergies, credenciado pela França. A Itália contratou executivos da Eni e a União Europeia contratou funcionários da BP, Eni e ExxonMobil. Organizações profissionais com status de observador na COP também vieram com seu contingente de colaboradores da Shell, TotalÉnergies e Equinor. O presidente da cimeira dos Emirados, Sultan Al Jaber, é ele próprio diretor da empresa petrolífera nacional Adnoc. Reporterre.
- “Noventa chefes de estado e representantes de 190 países estão a tirar o máximo partido possível da COP28, a decorrer no Dubai, para os seus interesses (de governos, não de países) de curto prazo e num quadro de geo-política em mudança por ação de duas guerras — quanto ao clima, a ideia que transparece é a da desistência. O que vier, virá, na melhor das hipóteses remedeiam-se os desastres com uns fundos de trocos rebuscados nos bolsos dos orçamentos. Além dos fundinhos, até agora a COP28 viu o regresso do nuclear, que não é totalmente desalinhado do objetivo da cimeira mas é um passinho, e o aumento da produção de petróleo, agora esverdeado pelos governos, que aceitaram legitimar o marketing do anfitrião no que toca à chamada “transição lenta” do petróleo para as renováveis. Só esta ação anula, com prejuízo, os fundinhos e o passinho. Mas o marketing dos governantes é poderoso e a sua narrativa, muito bem concertada nesta cimeira, prevalecerá sobre a esmagadora maioria das vozes da comunidade científica e das associações ambientais, sem esquecer as muitas propostas de associações e consórcios de empresas com soluções no campo das energias não poluentes e neutras no carbono. (...)” Paulo Querido, Substack.
- A empresa de reatores nucleares cofundada por Bill Gates, TerraPower, assinou um acordo com os Emirados Árabes Unidos para explorar a construção de reatores avançados no país do Golfo, conta a Fortune. Por outro lado, o presidente Lula tentou usar a transição energética como desculpa para o Brasil aderir à OPEP+ e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que tal adesão não gerou nenhum mal-estar. Mas 1,3 mil organizações não governamentais de mais de 120 países reunidos na Climate Action Network não pensam da mesma forma, e atribuíram ao país o prémio “Fóssil do Dia”.
- Uma plataforma de ambientalistas enviou uma mensagem aos líderes mundiais presented COP28 intitulada “Parem agora a compensação de carbono!" “O comércio de compensações de carbono é imprudente e irresponsável”, diz Jutta Kill. “A investigação académica já provou que estes projetos geram compensações fantasmas e resultam em apropriação de terras e violações dos direitos humanos e indígenas”, sublinham as organizações. Cerca de 80% dos principais esquemas de compensação de carbono são considerados “provavelmente lixo ou sem valor”. Um estudo centrado em projectos de Redução de Emissões por Desflorestação e Degradação Florestal (REDD+), concluiu que as reduções foram dramaticamente exageradas. Devlin Kuyek, da GRAIN, disse que "mantém-se um sistema que permite aos poluidores corporativos e aos países ricos adiar a ação e lucrar com a crise. Quer tenha ou não selo de aprovação da ONU, a compensação de carbono em todas as suas formas e formas, incluindo REDD ou as chamadas 'soluções baseadas na natureza' e 'carbono azul', é uma fraude que deve ser imediatamente eliminada." "Precisamos é de reduções reais de emissões e de financiamento climático real. Qualquer coisa menos que isso é fracasso," disse Kirtana Chandrasekaran, da Amigos da Terra Internacional. Jessica Corbett, Common Dreams.
- “Pavilhões chamativos de países, coquetéis patrocinados por empresas e uma miscelânea de eventos paralelos transformaram a cúpula climática anual da ONU no que alguns dizem ser uma feira comercial ou circo. (...) E com um recorde de 84.000 participantes registados, a COP28 está muito longe da primeira realizada em Berlim em 1995, um evento discreto com menos de 4.000 delegados centrados na cooperação multilateral em matéria de alterações climáticas. Isto é visto por alguns como um sinal de sucesso e por outros como uma perigosa distração do negócio de combate às alterações climáticas, uma vez que ao longo de quase três décadas a procura global de petróleo, as emissões de carbono e as temperaturas têm registado um aumento constante.” Valerie Volcovici, Reuters. Via WCTS Radio.
- Sellafield, a
instalação nuclear mais perigosa da Europa, regista uma fuga cada vez maior de
um enorme silo de resíduos radioativos que pode representar um risco para o
público. As preocupações com a segurança do edifício em ruínas, bem como as
fissuras num reservatório de lama tóxica conhecido como B30, causaram tensões
diplomáticas com os EUA, a Noruega e a Irlanda, que temem que Sellafield não
tenha conseguido controlar os problem
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