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domingo, 31 de dezembro de 2023
BICO CALADO
O massacre da véspera de Natal no Campo de Refugiados de
Maghazi deixou 86 mortos num único ataque aéreo. Os genocidas dizem que se
tratou de um ‘erro lamentável’.
A administração Biden vai ignorar, pela segunda vez este
mês, a vontade do Congresso e vai aprovar a venda de armas a Israel no valor de
147 milhões de dólares. Brett Wilkins, Common Dreams.
“[George Clements e outros funcionários do departamento
de caridade do distrito viajaram para o terminal da Southern Pacific em 17 de
agosto de 1931, para testemunhar o êxodo em massa. Depararam-se com uma ampla
amostra da comunidade mexicana do sul da Califórnia a bordo dos dois comboios
que se dirigiam para o México. A maioria dos passageiros eram crianças de tenra
idade, a maioria delas nascidas nos Estados Unidos. O segundo maior grupo era
constituído por mulheres jovens (provavelmente as suas mães), e depois por
homens fisicamente aptos e alguns idosos. A maioria dos homens estava nos
Estados Unidos há mais de uma década e falava inglês. Clements descobriu que
tinham dito à maioria dos repatriados que "podiam regressar quando
quisessem". Mas isto era uma mentira. Clements não podia deixar de
lamentar a desinformação que estava a ser deliberadamente transmitida aos
repatriados. "Acho que isto é um erro grave, porque não é a verdade",
escreveu ele a um colaborador. Cada um dos repatriados recebia um cartão de
partida devidamente marcado pelo Departamento de Caridades e Assistência Social
de Los Angeles, indicando que tinham sido repatriados a expensas do distrito e
que, por isso, estavam impedidos de voltar a entrar nos Estados Unidos. Clements
explicou ainda que nenhuma criança podia regressar, mesmo que tivesse nascido
na América, a não ser que tivesse provas documentais e uma certidão de
nascimento. Tratava-se de um ónus de prova extremamente difícil de cumprir por
uma população móvel e jovem, com poucos conhecimentos sobre as condições e
requisitos legais da sua partida e possível reentrada. A desamericanização
efetiva de toda uma geração pelo programa de repatriamento não passou
despercebida a Clements. "Isto significa que cerca de sessenta por cento
destas crianças são cidadãos americanos sem grande esperança de alguma vez
regressarem aos Estados Unidos. (...) Em 1932, o New York Times referia um
telegrama recebido da Cidade do México que afirmava que os repatriados dos
Estados Unidos estavam "quase a morrer à fome". Em maio de 1934,
Pablo e Refugio Guerrero escreveram aos funcionários de Los Angeles pedindo que
eles e os seus cinco filhos cidadãos nascidos nos Estados Unidos fossem
autorizados a regressar ao "país em que têm direito a viver". A
família de sete pessoas tinha sido deportada em dezembro de 1932. Mas as
crianças "não gostam dos costumes mexicanos e querem regressar aos Estados
Unidos". Pior ainda, o governo mexicano não oferecia proteção às crianças
nascidas nos Estados Unidos. Pablo implorou às autoridades que lhes permitissem
regressar ao país de nascimento. Não há registo de uma resposta.” Erika Lee, America for Americans – a history of
xenophobia in the United States.Basic Books/Hachette 2021, pp 178-179.
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