Middle East Monitor 27 de julho de 2023.
- “(...) um estado judeu e um estado com o remanescente de palestinianos, foi, desde o início, um logro do género de introduzir uma espécie infestante num dado território — eucaliptos, por exemplo — atribuir uma leira de terra como reserva indígena (carvalhos, ou sobreiros) — e esperar que ambas as culturas convivam em boa paz, que os infestantes respeitem os limites dos autóctones e estes se sintam muito agradados com a invasão. A comparação serve também para os peixes achigãs, vindos do Canadá e lançados nas barragens, que devoraram as espécies indígenas. É com este conto para pobres de espirito que desde há sete décadas tem sido justificada violência de Israel, eles estão a defender o seu estado: invadindo. (...) A tese da convivência dos dois estados na Palestina recebeu mais uma machadada recentemente, quando alguém decidiu revelar que os democratas israelitas tinham imposto o princípio de divindade da chuva. Agora que surgiram tantos israelitas com cidadania portuguesa, o velho provérbio português de «água deus dará» é contrariado por esses nosssos recentes compatriotas: a chuva que cai nos territórios da Palestina é propriedade dos judeus, representados pelo Estado de Israel, por ser um dom de Jeová aos seus escolhidos. Os infiéis palestinianos não têm direito à água de Jeová e Alá, segundo os judeus, não faz chover! Por isso os guerreiros de Jeová destroem as cisternas atulhando-as de cimento (…) envenenam os poços e as cisternas onde os palestinianos há milhares de anos recolhiam as águas! Uma blasfémia! Foi assim levantado mais um problema na falácia dos dois estados: como dividir a água que cai, não dos céus, mas das nuvens terrenas, entre o Estado de Israel e o Estado Palestiniano, a criar? Já existiam os murros, as cercas de arame eletrificado, os controlos, agora há a barreira da chuva e das nuvens! E aqueles a quem até a água das nuvens criadas pela natureza lhes é negada não têm direito a resistir? É terrorismo lutar pela água, como pela terra, como pelas casas, como pelos rebanhos, como pelas oliveiras ou é terrorismo matar à sede, à fome, bombardear indiscriminadamente? É terrorismo um povo cercado atacar instalações militares designadas colonatos, mas é legítima defesa invasores recentes destruírem um território cercado, densamente povoado, para erradicar dali o povo que sempre ali habitou? E como propor dois estados como solução para uma tão velha questão, que chegou a agora à água da chuva, e que já tinha determinado o controlo pela força do rio Jordão pelos israelitas? Ainda a propósito da falácia dos dois Estados partilhados entre invasores e invadidos: há algum estado Inca, ou azteca ou guarani na América do Sul? Há algum estado Cherokee nos Estados Unidos? E porque não há nenhum Estado Curdo, ou Arménio? (...)” Carlos Matos Gomes, A tese dos dois Estados — Um com chuva e outro sem chuva - Medium. Nota: ligações a video clips da responsabilidade do Ambiente Ondas3.
- Em apenas 7 semanas, Israel matou 67 jornalistas em Gaza.
Por George
Frederick Keller, The Wasp, 11 de nov. de 1881. Centro de História de São
Francisco, Biblioteca Pública de São Francisco.
- “George Frederick Keller, outro imigrante da Prússia que começou a sua carreira a criar rótulos de charutos para a Korbel, foi o talentoso artista por detrás de muitas das caricaturas políticas de alta qualidade da Wasp. Combinando a atenção ao pormenor com a nova tecnologia de impressão a cores, Keller captou com mestria os receios dos californianos brancos em relação à imigração chinesa na ilustração de 1881 "A Statue for Our Harbor" (Uma estátua para o nosso porto). A estátua de um grotesco chinês na Baía de São Francisco troça da Estátua da Liberdade de Nova Iorque, então em construção. Em vez de usar vestes esvoaçantes e graciosas como o seu homólogo nova-iorquino, usa trapos desgrenhados. Em vez de uma tocha, segura um cachimbo de ópio. Os seus olhos oblíquos, as suas feições magras e a sua trança em forma de rabo de rato marcam-no como ameaçador e racialmente inferior. Ele ergue-se como um vencedor triunfante sobre uma Califórnia derrotada, representada pela caveira sob o seu pé, pelos ratos que correm à volta do pedestal, pelos navios virados e pelos alicerces em ruínas. Uma lua de olhos esbugalhados olha em aprovação enquanto a estátua espalha sujidade, imoralidade, doenças e ruína para o trabalho branco em toda a terra. "Uma estátua para o nosso porto." A campanha racista do The Wasp contra os chineses rendeu bons frutos. Enquanto muitos dos seus rivais foram forçados a encerrar as suas atividade em poucos anos, a circulação da Wasp cresceu para cinco mil exemplares poucos meses depois da sua primeira edição, chegando a sete mil em 1879. Rapidamente se tornou a revista mais lida na Costa Oeste.” Erika Lee, America for Americans – a history of xenophobia in the United States. Basic Books/Hachette 2021, pp 82-83.
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