Estarreja: já ninguém acredita que 'plumas alaranjadas' de ácido nítrico são inócuas

• No domingo, 15 de outubro, por volta das 17 horas, a Bondalti (ex-CUF) reportou uma fuga de fumo de cor alaranjada através da chaminé da sua fábrica de ácido nítrico no complexo industrial de Estarreja. A empresa esverdeou aquela fuga como tendo sido uma ‘emissão pontual e momentânea que, apesar do impacto visual, não é nociva para a saúde pública ou para o ambiente’. Perante o prolongado silêncio comprometedor das autoridades competentes, nomeadamente autarquia local, Proteção Civil, CCDRC e APA, o PS local denunciou a ocorrência: ‘O comunicado da Bondalti é um típico comportamento de quem sabe que poluiu e está autorizado a poluir para produzir o que precisa sob licenciamento. Divulgarem este comunicado, depois destas ocorrências acontecerem ciclicamente, com frequência variável, é uma espécie de desprezo pela comunidade. Será que a Bondalti pensa que os estarrejenses são tão ignorantes que acreditam que uma “pluma de cor alaranjada” a sair de uma chaminé da fábrica de acido nítrico não tem qualquer impacto na população?! Só falta fazerem-nos acreditar que, se calhar, até faz bem à nossa saúde; (...) É preciso perceber o que se passa no concelho e o que está na origem dos dados captados pela estação da qualidade do ar, apesar desta nem sempre captar “fugas” que todos sentimos/vemos, devido às condições atmosféricas e/ou por não estar ativa. (…) O facto de ser a Bondalti que tem tido vários problemas visíveis, não afasta a responsabilidade de outros pela qualidade de ar que temos. Muita gente precisa das indústrias por ser o seu emprego, mas todos precisamos de qualidade do ar, pelo simples facto de que respiramos. O poder político local (...) tem de reconhecer que Estarreja tem um problema e que esse problema tem que se resolver (...); é necessário, em conjunto com as empresas, com os cidadãos, com as universidades e com o Governo, exigir que as indústrias recorram às melhores técnicas para otimizar o controle de emissões e minimizar o seu impacto ambiental, e que percebam que não adianta dizerem às pessoas que “plumas alaranjadas” expelidas de fábricas de acido nítrico são inofensivas, porque já ninguém acredita. É preciso potenciar a nossa estação de qualidade do ar para que esta seja mais eficiente, tal como é necessário alargar o numero de unidades de medição, que naturalmente terão de ser auditadas e acompanhadas pelas autoridades ambientais portuguesas. É necessário promover mais investigação e reflexão, bem como avaliações epidemiológicas, para conhecermos em detalhe o que se passa, com o objetivo de encontrarmos soluções que possam servir as pessoas e o bom nome do concelho. É preciso punir quem não cumpre a legislação ambiental. É urgente acabar com o estigma da poluição em Estarreja, porque vivemos cá e por cá queremos continuar.”

• O Reino Unido “adicionou” cerca de 450 milhões de libras aos seus gastos com ajuda climática nos países em desenvolvimento, alterando a forma como define “financiamento climático”. A mudança de definição depende da expansão das atividades que o Reino Unido classifica como ajuda climática para incluir pagamentos a bancos de desenvolvimento e mais dinheiro para o setor privado. Josh Gabbatiss, Carbon Brief.

• O Ministério Público acusou dois empresários de um alegado esquema de pagamento de subornos para a adjudicação fraudulenta de subcontratos para projetos de fabrico de armas nucleares num campus de segurança nacional no sul de Kansas City. Luke Nozicka, The Kansas City Star.