A cidade de Sevilha, em Espanha, está a recorrer a uma forma antiga de arquitetura para proteger os cidadãos do calor extremo provocado pelas alterações climáticas. Com as temperaturas exteriores a aproximarem-se dos 42°C em julho, tornando quase impossível andar ao ar livre, a cidade executa um projeto-piloto com um qanat, uma rede subterrânea de tubagens inspirada em infra-estruturas que remontam à era persa, há mil anos.
O CartujaQanat é uma experiência arquitetónica em soluções de arrefecimento que não depende da queima de mais combustíveis fósseis. O sistema baseia-se em antigos túneis escavados para levar água aos campos agrícolas, documentados pela primeira vez no atual Irão. Os persas aperceberam-se, há 1000 anos, que a água corrente também arrefecia o ar nos canais, pelo que criaram poços verticais para trazer esse ar para a superfície. Em Sevilha, a rede de aquedutos utiliza ar, água e energia solar para reduzir a temperatura ambiente até 10°C numa zona com o tamanho de dois campos de futebol. "Não se trata de um sistema de ar condicionado como o que se tem em casa", esclarece o engenheiro da Emasesa e supervisor do projeto, Juan Luis López. "Utilizamos técnicas e materiais naturais para reduzir as temperaturas."
Sevilha tem enfrentado desafios com a adoção de
tecnologias experimentais, incluindo a necessidade de duas bombas de água adicionais
para o CartujaQanat e um projeto semelhante numa estação de autocarros.
Situada perto do extremo sul da Península Ibérica, Sevilha viu o excesso de calor matar 103 pessoas nos 12 meses que terminaram a 2 de agosto, embora a mortalidade por calor em Sevilha por 100.000 habitantes ainda seja inferior à de Madrid e Barcelona, sugerindo que as suas estratégias podem estar a ajudar a reduzir o número de mortes.
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