Segundo o recente relatório do European Environmental Bureau, os países da UE não adoptaram medidas obrigatórias para reduzir o consumo de energia. A maioria das medidas adotadas são voluntárias e dirigidas aos edifícios públicos.
Os países da UE cumpriram o seu objetivo voluntário de reduzir o consumo de gás em 15% entre 1 de agosto de 2022 e 31 de março de 2023, em comparação com o consumo médio deste período nos cinco anos anteriores. No entanto, com uma redução de apenas 6,2% no consumo de eletricidade da UE durante o mesmo período, a maioria dos Estados-Membros não cumpriu o objetivo acordado de reduzir a procura global de eletricidade em pelo menos 10% nem o objetivo obrigatório de reduzir o consumo de eletricidade em 5% durante as horas de ponta. Em 28 de março de 2023, os Estados-Membros da UE concordaram em prolongar as reduções coordenadas por mais um ano, com o objetivo de reduzir o consumo de gás em 15% entre 1 de abril de 2023 e 31 de março de 2024, em comparação com o seu consumo médio no período entre 1 de abril de 2017 e 31 de março de 2022. Tal como anteriormente, cada país pode escolher os meios de redução. Ainda não foi acordada uma prorrogação semelhante do período de aplicação do Regulamento do Conselho para um objetivo não vinculativo de redução da procura global de eletricidade em, pelo menos, 10%.
Principais
conclusões do relatório do European Environmental Bureau:
1 Apenas 14
dos 27 Estados-Membros da UE adoptaram medidas obrigatórias para reduzir o
consumo de energia. Nos últimos seis meses, a Polónia, a Lituânia, Chipre e os
Países Baixos juntaram-se a este grupo.
2 As medidas
mais sólidas de poupança de gás foram aplicadas em países que importam grandes
quantidades de gás russo, como a Itália e a Alemanha. Alguns países menos
dependentes do gás, como a França e a Espanha, também adoptaram medidas fortes
de redução do consumo de energia, dirigidas tanto ao sector público como ao
privado, às grandes indústrias e às pequenas empresas.
3 Portugal é o
único país que informa regular e abertamente sobre a aplicação e os progressos
da poupança de energia, criando uma comissão de acompanhamento e fornecendo
análises de medidas específicas.
4 O
Luxemburgo, a Áustria, Malta, os países nórdicos e os países da Europa Oriental
tendem a adoptar medidas de poupança de energia mais fracas. A Bulgária, a
Roménia e a Letónia não introduziram quaisquer medidas nacionais para reduzir o
consumo de gás e eletricidade.
5 Durante o Inverno passado, os preços elevados da energia levaram a poupanças de gás e eletricidade mesmo na ausência de medidas de poupança de energia - especialmente quando existiam alternativas ao gás fóssil e à eletricidade a preços acessíveis.
Sugestões de
medidas a tomar:
1 Criar uma
task force pública de monitorização da poupança de energia na UE para
acompanhar as ações tanto a nível nacional como comunitário. A task force deve
verificar o cumprimento dos objetivos e avaliar as medidas tomadas para os
atingir.
2 Os pontos de
contacto nacionais devem ser responsáveis pela aplicação das medidas de redução
do consumo de energia e informar regular e publicamente a task force de
acompanhamento. A task force deve apresentar relatórios periódicos e públicos
sobre os progressos registados em toda a UE e em cada um dos países da UE.
3 Promover uma
ampla divulgação do estatuto de economia de energia através de media
coordenados em toda a UE. Tal poderia proporcionar uma reação positiva aos
esforços de poupança de energia dos cidadãos. Mensagens simples poderiam ser
partilhadas nos noticiários televisivos nacionais em horário nobre e nas redes
sociais.
4 Apoiar o
rápido desenvolvimento de instrumentos de gestão da procura de gás e eletricidade.
Este mercado poderia consistir num sistema que recompensasse a flexibilidade
dos consumidores (incluindo os pequenos consumidores, através de agregadores)
pela interrupção intermitente do consumo de energia.
5 Acelerar a
difusão de contadores inteligentes, permitindo uma monitorização do consumo de
energia em tempo real e tornando as poupanças mais evidentes.
6 Introduzir
regras justas e harmonizadas a nível da UE sobre medidas de suficiência
energética, de modo a que todos os cidadãos da UE sejam incentivados a adoptar
as mesmas práticas de poupança de energia, tornando-as verdadeiramente um
esforço europeu conjunto. As regras podem ter em conta as especificidades de
cada país, como os níveis de temperatura, a qualidade dos edifícios, etc.
Regras transparentes promoveriam o espírito de enfrentar um desafio comum em
toda a UE.
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