quinta-feira, 22 de junho de 2023

Bico calado

  • Decididamente, a Câmara Municipal de Espinho anda à nora e sem bitola. Primeiro, deixa passar o período de consulta pública relativa à passagem da Linha Ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa sem promover nenhuma sessão de esclarecimento e debate público. Passado este prazo, publica, em 21 de junho, na sua página do Facebook, a sua posição em relação ao assunto, ecoando os mesmos argumentos apresentados em 19 de junho de 2023 pela Junta de Freguesia de Anta-Guetim. E, como se tudo isto não bastasse, agendou uma visita do vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, para “no próximo dia 12 de julho, pelas 10:00 horas, debater este e outros assuntos do interesse comum, no decorrer da qual será realizada, em hora e local ainda a confirmar, uma Sessão de Esclarecimentos, aberta à população, relativamente à passagem da Linha Ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa.” Esta sessão só poderá servir para se tirar uma fotografia para posterior manipulação de narrativas de acordo com circunstâncias tidas por adequadas e convenientes.

  • «(…) Assisti, nestes 47 anos de democracia, à reabilitação de velhos fascistas, à condecoração de crápulas, à eleição de salazaristas, à humilhação de antifascistas e ao esquecimento de resistentes, para não falar da ostracização dos militares de Abril. O período cavaquista, na sua indigência, deu lugar a uma contrarrevolução permanente, à subversão de valores democráticos e à recuperação do horror à política e aos políticos, para favorecer os dissimulados. Hoje, uma enorme quantidade de ‘apolíticos’ apresenta-se a eleições contra os partidos e os políticos, como se a dissimulação fosse uma virtude e a covardia currículo. Quando alguém diz que não é de esquerda nem de direita, é, sem dúvida, de direita. É contra esses que estarei vigilante.» Carlos Esperança, A Política e os Independentes - Coimbra Progressista.
  • A nova lei da Florida que reprime os imigrantes indocumentados, assinada no mês passado pelo governador de extrema-direita Ron DeSantis e que entrará em vigor a 1 de julho, levou milhares de trabalhadores a fugir do estado. Agora, até mesmo alguns capitalistas que apoiam DeSantis e a Câmara e o Senado do estado, controlados pelo Partido Republicano, mostram-se preocupados perante os prejuízos que isso pode representar para os seus negócios. KENNY STANCIL, Common Dreams.
  • Colonos israelitas atacaram ontem de madrugada casas de palestinianos em Kafr Ad-Dik, perto da cidade de Salfit, na Cisjordânia ocupada por Israel. Segundo Mohammad Naji, o presidente da autarquia local, os colonos partiram as janelas de várias casas palestinianas e fecharam as estradas aos habitantes locais. Os ataques dos colonos, que estavam, como de costume, protegidos pelas forças de ocupação israelitas, seguem-se aos ataques de anteontem, quando as autoridades israelitas fecharam todas as entradas das aldeias e cidades da província de Salfit e incendiaram veículos e casas. MEM.
  • A senadora independente da Tasmânia, Jacqui Lambie, criticou no Parlamento Federal a "cultura de encobrimento aos mais altos níveis da Força de Defesa Australiana" e apelou ao Tribunal Penal Internacional para que investigue os altos funcionários da Força de Defesa em relação aos crimes de guerra alegadamente cometidos por membros das Forças Especiais no Afeganistão entre 2005 e 2016. Este pedido surge na sequência dos repetidos pedidos da Senadora para que o Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa, General Angus Campbell, divulgue cópias editadas de 24 cartas enviadas ao pessoal de nível de comando, avisando que, de acordo com as recomendações feitas pelo Inquérito Brereton sobre as ações das forças de defesa australianas no Afeganistão, poderiam ser destituídos de certos prémios e medalhas devido a uma falha na "responsabilidade do comando". O juiz Paul Brereton concluiu que 25 atuais e antigos membros da ADF estavam implicados no alegado assassínio de 39 afegãos, mas quase três anos após o seu relatório, nenhuma patente superior foi responsabilizada. Lisa-Jane Roberts, MWM.

Daniel Ellsberg – Foto: Kushal Das/Creative Commons

  • «Os imensos obituários acerca de Daniel Ellsberg no fim de semana, tanto no New York Times como no Washington Post, são a prova do estatuto que ele detinha nos Estados Unidos. A razão pela qual Dan Ellsberg alcançou um estatuto de herói popular, negado a Assange, Snowden ou Manning, é que o Vietname é totalmente aceite pelo sistema como um erro, mas as invasões e intervenções do século XXI e a vigilância em massa da população são vistas como "justificadas".» Craig Murray, Daniel Ellsberg e o "bom" e o "mau" denunciante.

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