Graça
Silveira, professora da Universidade dos Açores, considera que os transgénicos
trazem vantagens que os Açores não podem ignorar. Diário Insular e Correio dos
Açores 24ma2023.
Recorde-se que o Governo dos Açores decidiu declarar o arquipélago como zona livre de organismos geneticamente modificados, o que mereceu pronta contestação do embaixador norte-americano em Ponta Delgada. Numa carta enviada no final de dezembro de 2012 ao presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, ao presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, e à ministra da Agricultura, Assunção Crista. Allan Katz, armado em profundo conhecedor dos OGMs e ventriloquando os argumentos dos seus defensores, considerava que os transgénicos não constituíam qualquer risco para a vida humana ou animal, ou até mesmo para o ambiente e recordava que a UE gastara 300 milhões de euros na última década em investigação nesta área, sem ter encontrado motivos de preocupação em matéria de segurança. Katz apelava, por isso, a que as autoridades revissem a sua posição e permitissem que os agricultores açorianos tivessem acesso à mesma tecnologia que já é usada no resto do país e do mundo. Allan Katz salientava ainda que os produtos geneticamente modificados permitiam reduzir substancialmente a utilização de pesticidas, poupar energias fósseis, diminuir as emissões de dióxido de carbono e melhorar a utilização dos solos.
A carta teve resposta curta e grossa por parte da Plataforma Transgénicos Fora: “Esta
iniciativa americana não surpreende, uma vez que os telegramas diplomáticos
americanos revelados pelo WikiLeaks mostram um padrão de interferência
generalizada nas políticas europeias sobre os OGMs, desde a França à Itália, à
Hungria e até ao Vaticano, entre outros. Num desses telegramas, datado de 2007,
o embaixador norte-americano em Paris, Craig Stapleton, sugeria a Washington
que se iniciasse uma campanha de retaliação contra os países que se mostravam
contra os OGMs na União Europeia.
De toda a área plantada com alimentos transgénicos no mundo em 2010, 45% estavam nos EUA Unidos (67 milhões de hectares). Em Portugal, só o milho geneticamente modificado é cultivado, numa área de cerca de cinco mil hectarees. Várias áreas do país foram declaradas como “zonas livres de cultivo de variedades geneticamente modificadas”, ao abrigo de uma legislação de 2006.
PS - Em 2017, Graça Silveira foi candidata do CDS-PP à câmara de Angra do Heroísmo.
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