Cartoon de Carlos Latuff. Israel e os EUA investiram muito na Arábia Saudita, inimigo regional do Irão. A China minou essa estratégia ao negociar a renovação das relações diplomáticas entre os gigantes do Médio Oriente.
- «Sobre o envio por Londres à Ucrânia de munições com urânio empobrecido, a imprensa portuguesa dedicou-se a explicar a função militar que serve e evitou falar dos bombardeamentos no Iraque e Jugoslávia. Percebe-se porquê. Não importa que se diga o que aconteceu com os civis. Sem o apoio da ONU, a NATO bombardeou a Jugoslávia com cerca de 10 a 15 toneladas de urânio empobrecido, o que teve como consequência um número indeterminado de mortos por cancro causado pelas radiações. Os casos relacionados com doenças oncológicas aumentaram para 5 vezes mais.» Bruno Carvalho.
- «Acabo de chegar a Lisboa da minha viagem ao Donbass e outros territórios controlados pela Rússia. Desde 2018, foi a quarta vez que visitei as regiões de Donetsk e Lugansk. Quando a Rússia decidiu intervir na Ucrânia, já havia uma guerra civil a desenrolar-se desde 2014. Ninguém me contou. Eu estive lá. No último ano, estive ali cerca de oito meses para acompanhar a escalada da guerra com a entrada da Rússia no conflito. De cada vez que cruzo a fronteira em Uspenka ou em Novoazovsk, há uma sensação que teima em não desaparecer. A falta de jornalistas ocidentais no Donbass que mostrem o que ali se passa gera um profundo desconforto. É o confronto com o vazio mediático e com o óbvio desinteresse de boa parte dos meios europeus, incluindo portugueses, e norte-americanos em querer perceber a tragédia que se abate sobre a população destas regiões desde 2014. (...) Desta vez, conversei com refugiados de Soledar e Artyomovsk (Bakhmut), entrei num presídio com centenas de prisioneiros de guerra ucranianos, entrevistei, novamente, o líder da República Popular de Donetsk, visitei a maior central nuclear da Europa, em Energodar, estive em Vasylivka, muito perto da linha da frente, onde as forças ucranianas tentam abrir uma nova frente, e pude caminhar pelas ruas de Melitopol. Trabalhos que seriam valorizados, mesmo com todas as limitações técnicas, se não fosse este pormenor de estar naquele que parece ser o lugar "errado" da guerra. Como se houvesse lugares errados para se fazer jornalismo, não lugares, ocultados por um cemitério de propaganda. Como se eu próprio estivesse num casamento sem ter sido convidado para embaraço dos presentes ou fosse passageiro de terceira classe e andasse pelo convés do Titanic sem autorização. (...) E, pelo que temos assistido, não falta cobertura ao que acontece do lado da Ucrânia. Se há meios que não querem mandar repórteres para o Donbass ou que procuram desvalorizar o trabalho de quem lá está, devem ser, naturalmente, escrutinados também pelos seus leitores, espectadores ou ouvintes. A democracia faz-se com pluralidade, mesmo quando pluralidade é sinónimo de coragem. Recordo que houve momentos, novamente, em que fui o único repórter no Donbass a trabalhar para meios ocidentais. Felizmente, também coincidiu com a presença de outro jornalista português da Antena 1 naquele lado. Independentemente dos meios para que trabalho, na qualidade de jornalista freelancer o meu compromisso é com os factos. Faço o melhor que posso, na maioria das vezes com o ruído das críticas de quem me quer silenciar, com obstáculos que praticamente nenhum outro repórter teve de contornar nesta guerra. E não o digo para romantizar as dificuldades. Digo-o porque não quero que outros jornalistas passem por isto. Não me sinto herói. E não sou. (…)» Bruno Carvalho.
- O primeiro ministro israelita Benjamin Netanyahu foi a Itália tentar convencer o governo de Georgia Meloni a comprar-lhe gás, a não votar contra Israel nas Nações Unidas e a reconhecer Jerusalem como capital do país. Mas a Itália acabou de negociar com a Sonatrach a importação de gás da Argélia, país que é um baluarte da solidariedade palestina em África e no Médio Oriente. Além disso, o reconhecimento da Itália de Jerusalém como capital de Israel colocaria Roma fora do consenso do direito internacional. Numa carta aberta a Meloni, a Relatora Especial das Nações Unidas Francesca Albanese lembrou ao governo italiano que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel constituiria uma violação flagrante do direito internacional. A política externa italiana é também responsável pelas políticas coletivas da União Europeia, da qual Roma é membro integral. Por exemplo, a UE apoia a posição da ONU de que Jerusalém Oriental é uma cidade palestiniana ocupada e que a anexação da cidade por Israel em 1980 foi ilegal. RAMZY BAROUD, MPN.
- O parlamento israelita aprovou uma lei que concederá ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu imunidade contra acusações criminais. Essa lei impedirá que um primeiro-ministro em exercício seja demitido do cargo e declarado incapaz de cumprir os seus deveres. MEM.
- Medea Benjamin: "Acabei de sair da prisão por pedir ao Secretário de Estado Anthony Blinken para fazer o seu trabalho - para negociar um acordo de paz na Ucrânia. Perguntei-lhe, 'Se não gosta da proposta de paz chinesa, onde está o SEU plano de paz?'. Fonte.
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