Reino Unido: ClientEarth processa diretores da Shell
- A ClientEarth está a processar os 11 diretores da Shell por causa da sua estratégia climática. É o primeiro caso no mundo que
procura responsabilizar os diretores de empresas por não prepararem
adequadamente a sua empresa para a transição para carbono zero. A queixa
apresentada ao Supremo Tribunal alega que os 11 atuais diretores da Shell infringiram
as suas obrigações ao abrigo da lei britânica para gerir adequadamente os
riscos materiais e previsíveis das alterações climáticas. O caso surge após as
maiores petrolíferas mundiais, incluindo a Shell e a BP, sediadas no Reino
Unido, terem registado nas últimas semanas lucros recorde em 2022, graças ao
aumento dos preços da energia. Fontes: The Guardian e Financial Times.
- Surgiram atritos entre França, Alemanha e Espanha sobre
energia nuclear. Paris está furiosa com a falta de apoio de Berlim e Madrid
pelos seus esforços para que o hidrogénio derivado da energia nuclear fosse
rotulado como "verde" na legislação da UE. A disputa, que poderá bloquear um oleoduto de hidrogénio
da Península Ibérica através da França para a Europa Central, está também a
atrasar a legislação europeia sobre energia verde. A França, que depende do envelhecimento da sua frota
nuclear para gerar eletricidade, lidera uma campanha para incluir o hidrogénio
produzido a partir de energia nuclear - conhecido como hidrogénio
"vermelho" - nos novos objetivos da UE em matéria de energias
renováveis, que atualmente se concentram no hidrogénio verde produzido a partir
de eletricidade de fontes renováveis. Paris acusa agora a Espanha e a Alemanha de renegarem os
compromissos assumidos pela França nas reuniões de Barcelona e Paris de
considerarem a energia nuclear como limpa. A Alemanha foi formalmente acrescentada ao projeto após
uma cimeira conjunta franco-alemã em Paris. A luz verde de Macron para o chamado projecto H2Med ou
BarMar foi, segundo Paris, em troca de compromissos espanhóis e alemães sobre o
hidrogénio vermelho. Funcionários franceses sublinham que uma declaração
conjunta assinada em Barcelona afirma que "a Espanha e a França reconhecem
a importância da produção, transporte e consumo de hidrogénio limpo como
produzido a partir de fontes de energia renováveis e com baixo teor de
carbono". Em Madrid, os responsáveis dizem que há um "mal-entendido"
e que estão dispostos a ser flexíveis em relação ao hidrogénio vermelho noutras
legislações, tais como a diretiva do mercado do gás, mas não na lei das
energias renováveis. "O hidrogénio vermelho não pode ser renovável porque
o nuclear não é uma energia que possa ser considerada como tal. É
impossível", disse uma fonte sénior do governo espanhol. A posição de Berlim parece espelhar a de Madrid.
"Duvido que alguma vez tenha sido uma promessa formal de que o hidrogénio
vermelho seria aceite como 'verde' se o gasoduto de Espanha fosse
realizado", disse um funcionário alemão com conhecimento das negociações. O hidrogénio está no centro dos planos da Europa para
descarbonizar a indústria pesada. A UE está a atualizar as suas leis do mercado do gás para
integrar mais hidrogénio na rede e planeia propor um "banco de
hidrogénio" para financiar novos projetos. A França quer que este inclua o
seu hidrogénio vermelho, mas este deve primeiro ser designado como renovável. As negociações sobre a directiva RED-3 com o Parlamento
da UE foram adiadas esta semana porque a Comissão Europeia ainda não chegou a
acordo sobre uma definição de hidrogénio "renovável". "Não se trata de uma questão técnica. É uma questão política", disse um diplomata
da UE. Reuters/EurActiv.
- Um comboio de 150 vagões com produtos químicos perigosos
descarrilou no nordeste do Ohio na última sexta-feira. O comboio viajava do
Illinois para a Pensilvânia e descarrilou perto de East Palestine, a cerca de
55 milhas a noroeste de Pittsburgh. 20 dos vagões transportavam material
perigoso, 5 deles cloreto de vinila. Os residentes num raio de 1 milha do
acidente tiveram que evacuar as suas casas e as escolas da região foram
encerradas na segunda-feira. Para evitar a explosão de vagões e a fuga
descontrolada de gases letais, os operacionais ventilaram o cloreto de vinila,
um precursor do policloreto de vinila, ou PVC, e depois queimaram o cloreto de
vinila de forma controlada. Embora as autoridades insistam no baixo impacto de
fugas de gases tóxicos, a qualidade do ar cotninua a ser monitorizada. O cloreto de vinila tem sido utilizado para fazer
polivinila, – vulgo PVC -, utilizado
comercialmente para fazer produtos como telhas, telhados e tendas, há quase 100
anos e é alvo de grande contestação por parte de ambientalistas. O cloreto de vinila é considerado carcinogéneo humano.
Investigadores nos anos 70 ligaram pela primeira vez a sua exposição
profissional a uma forma rara de cancro, o angiossarcoma do fígado, a
trabalhadores numa fábrica de borrachas em Rubbertown, Louisville, Kentucky. Há
também algumas provas de que provoca cancros cerebrais. O PVC também contém uma variedade de aditivos químicos,
tais como plastificantes de ftalatos, alguns dos quais são responsáveis por
perturbar o sistema endócrino humano. Há evidências de que os ingredientes tóxicos do PVC podem
lixiviar dos produtos plásticos e contaminar a água potável ou produtos
sanguíneos. Tudo isto tem sido contestado pela indústria, que garante praticar
boas práticas. Em Pittsburgh, Matt Mehalik, diretor executivo do
Projeto Breathe, considera que o descarrilamento deveria servir como mais um
incentivo para se ultrapassar a economia petroquímica e de combustíveis fósseis
na região. Fontes: Gizmodo, Inside Climate News e TribLive.
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